04 Novembro 2020
A Terra e todos os organismos vivos nela estão mudando constantemente. Mas há alguma maneira de detectar se essas mudanças estão ocorrendo em uma taxa anormal? Quais são as consequências dessas mudanças para os organismos afetados?
A reportagem é publicada por Friedrich-Alexander-Universität Erlangen-Nürnberg e reproduzida por EcoDebate, 03-11-2020. A tradução e edição são de Henrique Cortez.
Uma equipe internacional de pesquisadores, incluindo cientistas da FAU, desenvolveu um método para detectar tais desenvolvimentos e rastrear como novos ecossistemas são formados. Eles publicaram suas descobertas na revista especializada Science.
Temperaturas globais - Mudanças de pré-industrial. (Fonte: NOAA, NASA, UK Met Office/CRU)
As mudanças no meio ambiente estão se tornando cada vez mais aparentes devido às mudanças climáticas. As temperaturas estão subindo, ou não há chuva ou cai em fortes tempestades.
Essas mudanças afetam os ecossistemas e as condições de vida dos organismos dentro deles. Se as condições dentro desses ecossistemas se tornam muito desfavoráveis para organismos individuais, eles migram ou até mesmo se extinguem. Ao mesmo tempo, surgem novos nichos ecológicos que outras espécies podem povoar ou novas espécies são criadas. “O problema é saber em que ponto podemos dizer que é um novo ecossistema”, explica o prof. Wolfgang Kießling, da cadeira de Pesquisa Paleoambiental da FAU. ‘Agora desenvolvemos um método que nos permite distinguir tais eventos do ruído de fundo normal.’
Um ecossistema é considerado novo pelos cientistas se mudanças extremamente rápidas na gama de organismos dentro dele levam a um estado que antes não existia. A velocidade com que as mudanças ocorrem é extremamente importante. Os ecossistemas estão sempre mudando até certo ponto. Mudanças significativas ocorrem apenas acima de um certo limite, por exemplo, como causadas por mudanças climáticas causadas pelo homem. Os cientistas agora são capazes de determinar com precisão esse limite usando estatísticas.
Tempos de mudança crescente são extremamente dinâmicos e apresentam desafios especiais para as espécies envolvidas. Wolfgang Kießling e seus colegas testaram com sucesso seu método em ecossistemas fósseis de um período de mais de 66 milhões de anos e seus resultados são alarmantes. O risco de extinção durante esses períodos dinâmicos de mudança é duas a quatro vezes maior do que em condições normais. Ao mesmo tempo, porém, há uma chance maior de que novas espécies migrem ou sejam criadas. “Sempre ocorreram mudanças nos ecossistemas e continuarão ocorrendo”, continua Kießling. ‘Em termos de proteção do meio ambiente, portanto, é importante não evitar mudanças em geral, mas tentar orientá-los em uma direção que não tenha um risco maior de extinção.’
Increased extinction in the emergence of novel ecological communities. BY JOHN M. PANDOLFI, TIMOTHY L. STAPLES, WOLFGANG KIESSLING. Science 09 Oct 2020: Vol. 370, Issue 6513, pp. 220-222. Disponível aqui.
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Surgimento de novas comunidades ecológicas afetam os ecossistemas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU