30 Abril 2020
A tensão parece já ter diminuído depois da rixa de domingo passado, que viu a Conferência Episcopal Italiana (CEI) e governo se confrontarem sobre a proibição dos ritos religiosos na “Fase 2” [do combate ao coronavírus].
A reportagem é de Salvatore Cernuzio, publicada em La Stampa, 29-04-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Deixando de lado os tons duros, como nunca se havia visto nestes anos de presidência do cardeal Gualtiero Bassetti, o episcopado está trabalhando agora com o Ministério do Interior e a ministra Luciana Lamorgese para publicar “o mais breve possível” o protocolo para o participação dos fiéis nas celebrações litúrgicas. Ou seja, o acordo anunciado pelo Palácio Chigi [sede do governo italiano] no domingo, depois de “tomar conhecimento” dos protestos dos bispos.
O La Stampa soube que o Vaticano interveio para acalmar os ânimos. Nas últimas horas, o cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, manteve uma interlocução direta com o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, para pedir que se encontrasse uma solução para o dilema das “missas proibidas”, que criou tanto mau humor entre os católicos da Itália.
No imenso complexo da Circonvallazione Aurelia, sede romana da Conferência Episcopal, as negociações prosseguem com um ritmo frenético. Após uma breve pausa nessa terça-feira para compromissos respectivos, o tema foi retomado nesta quarta-feira, segundo o Pe. Ivan Mafeis, porta-voz da CEI.
Por enquanto, parece não haver dados oficiais, mas, no Ministério do Interior, informar que se gostaria de dar a luz verde para as missas “com o povo” ainda no domingo, 10 de maio. Nada menos do que duas semanas antes da data indicada pelo Comitê Técnico-Científico, 25 de maio, longe o suficiente para avaliar o impacto das reaberturas parciais.
Os mesmos técnicos, nas últimas horas, reiteravam as “questões críticas inelimináveis”, que tornam prematuro o reinício dos ritos religiosos. E foi precisamente com o Comitê Científico que, nessa terça-feira, houve um longo debate em videoconferência com os representantes da Conferência Episcopal.
O novo documento pretende ser essencialmente uma resposta às objeções dos cientistas. Um dos principais pontos nodais continua sendo a distribuição da comunhão. Para evitar contatos próximos, estuda-se a hipótese de que o sacerdote vá ao encontro das pessoas paradas em seu lugar e que coloque a hóstia nas mãos, sem tocá-las.
Outras questões são o lugar da celebração (dentro da igreja ou do lado de fora, nos campos de futebol), a disposição dos fiéis (dois por banco e um atrás, no centro), o compromisso de higienizar os ambientes.
Também se discute sobre o número de fiéis aos quais o acesso será permitido: como contabilizá-los? Como dizer a um paroquiano que ele pode entrar ou não? Quem controla os acessos?
Os bispos buscam respostas entre as propostas apresentadas nos últimos dias pelas dioceses. De fato, alguns padres falam de reservas por e-mail ou de aplicativos para indicar celebrações “livres”.
Também chegaram sugestões ao governo: o presidente da Lombardia, Attilio Fontana, informou que havia escrito uma carta a Conte com “uma série de propostas” apresentadas pela região da Arquidiocese de Milão e compartilhadas com as autoridades de saúde.
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Bispos italianos se abrem ao diálogo com o primeiro-ministro sobre protocolo para as missas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU