Em 30 de outubro de 1979, em uma greve geral dos Metalúrgicos de São Paulo, Santo Dias da Silva, líder do sindicato da categoria e membro da Pastoral Operária, foi assassinado com tiros nas costas por um policial militar.
Velório de Santo Dias, na Catedral da Sé. Foto: Arquivo UNESP
Em meio à ditadura militar, o movimento sindical ganhava força sobretudo no ABC Paulista. Santo Dias é símbolo de uma importante articulação da história brasileira entre o movimento dos trabalhadores e as Comunidades Eclesiais de Base. Em entrevista à IHU On-Line, concedida em alusão aos 30 anos da morte do sindicalista, Anízio Batista, amigo e companheiro de sindicato, recordou que "no enterro de Santo Dias, havia mais de 30 mil metalúrgicos participando do ato fúnebre para reconhecer sua importância".
"Era uma tarde chuvosa em 30 de outubro de 1979 e, na manhã seguinte, uma passeata de 20 mil pessoas levou o corpo de Santo Dias, da igreja da Consolação, até a catedral da Sé, gritando sem nenhum medo de repressão: 'Abaixo a ditadura!'", relata Paulo Vannuchi.
Em homenagem a Santo Dias da Silva, compartilhamos algumas lembranças do mártir da luta operária:
Anízio Batista fez parte da Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo, onde foi companheiro de Santo Dias da Silva, um operário que militava com os trabalhadores desde a década de 1960. Mas Santo não se ateve apenas ao movimento sindical. Como católico, era membro ativo das CEBs e dos movimentos de bairro, onde lutava por transportes, escolas, melhorias nas vilas. Em outubro de 1979, os metalúrgicos iniciaram uma campanha salarial, em que reivindicavam aumento de 83%. Como os patrões não aceitaram, uma assembleia com seis mil trabalhadores foi feita e, então, uma nova greve começou. A Polícia Militar invadiu, nos primeiros dias da paralisação, diversas subsedes de sindicatos e mais de 150 pessoas foram presas. Ao tentar negociar com trabalhadores e policiais em frente a uma fábrica, um PM atira pelas costas de Santo, que morreu a caminho do hospital, no dia 30 de outubro de 1979. “No dia do enterro de Santo Dias, havia mais de 30 mil metalúrgicos participando do ato fúnebre para reconhecer sua importância e a força da oposição sindical metalúrgica”, contou-nos Anízio ao relembrar, 30 anos depois, a morte do companheiro. A entrevista foi concedida por telefone.
Santo Dias da Silva. Foto: Arquivo da Família