24 Outubro 2019
"O Papa Francisco quis explicitamente isso", explica o cardeal. Ele definirá os critérios de gestão os dicastérios do Vaticano e dioceses de todo o mundo. "Os rumores sobre a suposta falência no Vaticano? É bobagem. Além disso, toda iniciativa de Francisco suscita críticas e venenos por parte daqueles que são contrários"
A reportagem é publicada por Famiglia Cristiana, 23-10-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Esta história que a Cúria Romana está à beira de um colapso financeiro, como Gianluigi Nuzzi escreve em seu último livro dedicado às finanças da Santa Sé (quarto capítulo da saga "Vatican Spa", título roubado de uma antiga matéria da revista Espresso) ao cardeal ganês Peter Kodwo Appiah Turkson, prefeito do Dicastério para o serviço do desenvolvimento humano integral, traz à memória uma famosa anedota. O cardeal comenta as polêmicas por ocasião de uma conferência da Universidade Católica sobre ética e finanças, a partir do documento "Oeconomicae et pecuniariae quaestiones". Quando Napoleão ameaçou o Cardeal Consalvi, Secretário de Estado de Pio VII, de destruir o Vaticano e a igreja, o cardeal respondeu seráfico: "Não creio Majestade, nós sacerdotes não conseguimos isso em 17 séculos, imagine Vossa Alteza".
Mas, em suma, não há problemas do ponto de vista financeiro? Está tudo bem?
Em torno das finanças do Vaticano, as polêmicas são quase cíclicas. Aliás, se o Papa Francisco faz algo novo, ele sempre suscita uma reação contrária de parte dos ambientes hostis. Não conheço a situação financeira de um ponto de vista estritamente técnico, mas sei que o pontífice deseja o máximo de transparência possível na gestão dos recursos financeiros, de acordo com critérios marcados pela ética cristã.
E quais são esses critérios?
Critérios marcados não por uma lógica de lucro, de acordo com aquela visão individualista que norteou os mercados nos últimos anos e foi uma das causas da grande crise financeira, além de uma desigualdade na distribuição de renda, mas pela solidariedade e pelo desenvolvimento, de acordo com uma perspectiva antropológica que visa a pessoa. Não será possível investir em armas, por exemplo, mas privilegiar aqueles títulos mobiliários pertencentes a realidades econômicas que investem na terra, nos recursos hídricos no Terceiro Mundo e assim por diante. É por isso que estamos desenvolvendo um documento muito importante, a pedido de Francisco, que visa identificar critérios comuns na gestão dos recursos relativos aos vários órgãos financeiros presentes dentro da Igreja.
Trata-se unificar os dicastérios econômicos do Vaticano, como APSA e IOR?
Não é necessário, mas muitas vezes do ponto de vista financeiro um dicastério não sabe o que o outro faz, os critérios são diferentes, os recursos são utilizados sem uma coordenação. No Vaticano já existe a AIF, que controla as contas das várias unidades, da APSA ao IOR, mas aqui precisamos de um órgão centralizado mais na gestão do que na transparência, que já existe. Também as dioceses se comportam de maneira diferente, algumas têm critérios, como as estadunidenses e alemães, outras têm poucos, outras ainda não têm nenhum. Eis por que o documento estabelecerá princípios comuns para a gestão dos recursos, que incluirão além dos dicastérios do Vaticano. também os departamentos financeiros das várias dioceses.
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Cardeal Turkson: “Apresento um documento sobre a gestão das finanças na Igreja Católica” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU