Sete meses após o desastre, cresceram as taxas de suicídio e tentativas de suicídio, principalmente entre mulheres. Como o lugar é pequeno – cerca de 30 mil habitantes – os números absolutos também o são. Mas a proporção do aumento é significativa: no primeiro semestre de 2019 houve 39 tentativas (11 entre homens e 28 entre mulheres), uma alta de 23% em relação ao mesmo período do ano passado. E o número de suicídios passou de um para três. O uso de antidepressivos aumentou 60%, comparando agosto deste ano com o mesmo mês de 2018. Em relação ao ansiolíticos, a diferença é ainda maior: 80%. O uso da risperidona, indicada no tratamento de psicoses, saltou 143%.
Os atendimentos na atenção básica também cresceram muito, 63% no primeiro quadrimestre de 2019. Na UPA, o número máximo de atendimentos em um plantão de 12 horas foi de 165 antes do rompimento da barragem e, agora, o teto subiu para 280. Com isso, evidentemente cresceram os gastos da prefeitura com saúde – devem chegar a R$ 70 milhões este ano, contra R$ 55 milhões em 2018. Os recursos vão sair do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) fechado entre a Vale e o Ministério Público.
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