10 Julho 2019
Pelo menos 983 líderes sociais, dos quais quase a metade são mulheres, foram ameaçados de morte na Colômbia. A denúncia é de Carlos Negret, chefe da Defensoria del Pueblo, agência responsável pela defesa dos direitos humanos no país. Negret, durante um encontro sobre a proteção da vida das mulheres realizado em Cali, apontou que apenas entre março de 2018 e maio de 2019 foram ameaçadas 447 mulheres defensoras dos direitos humanos, treze foram agredidas e vinte foram mortas.
A informação foi publicada por L'Osservatore Romano, 8/9-07-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Esses casos aumentaram em cerca de 50% no país e, pior ainda, em meio à impunidade, já que de três em cada quatro casos a autoria do crime não foi estabelecida. Negret espera que as autoridades não ignorem mais as mensagens intimidadoras, especialmente quando provêm de grupos paramilitares.
Recentemente, foi divulgado um relatório do Instituto Colombiano de Estudos para o Desenvolvimento e Paz (Indepaz), segundo o qual, entre 1º de janeiro de 2016 e 20 de maio de 2019, 837 líderes sociais, incluindo mais de 700 defensores dos direitos humanos e 135 ex-combatentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) foram mortos no país.
O ataque à vida de uma pessoa comprometida em melhorar o seu país é um ataque direcionado a toda a sociedade: sobre esse princípio, os bispos do Pacífico e do Sudoeste às vésperas da assembleia plenária do episcopado colombiano, realizada de 1º. a 6 de julho, reiteraram que o governo deveria "garantir a proteção das pessoas que trabalham para o bem de suas comunidades".
Precisamente sobre os temas da violência, com os assassinatos sistemáticos de líderes sociais e defensores dos direitos humanos, sobre as dificuldades da realização no plano social e político dos acordos de paz firmados com as FARC e sobre o impasse das negociações com os militantes do Exército de Libertação Nazionale (ELN) se direcionou a atenção e a reflexão do episcopado colombiano durante a plenária. Os trabalhos terminaram no sábado com a celebração eucarística no santuário mariano da Virgem do Rosário de Chiquinquirá, padroeira da Colômbia, por ocasião do centenário da coroação.
Data de 3 de julho, em ordem de tempo, o último assassinato de um líder social. Trata-se da ativista de 35 anos, Tatiana Paola Can Espitia. A mulher, que aspirava entrar no conselho municipal de El Copey, foi morta em uma emboscada em frente à sua casa em Cesar, por dois assassinos que feriram gravemente inclusive o motorista do taxi em que Tatiana estava prestes a embarcar.
A notícia do assassinato violento foi denunciada e divulgada pela Rede Nacional pela Democracia e Paz (Rndp), que em um comunicado lembrou como a ativista estava "empenhada com a ajuda humanitária às pessoas vulneráveis e às vítimas do conflito armado interno que a Colômbia continua a viver". Na nota, a Rndp pede às autoridades que tomem medidas imediatas e efetivas para encontrar os responsáveis e aplicar-lhes uma pena exemplar, mas também denuncia a incapacidade do Estado de "proteger a cidadania comum e a lentidão quando se trata para encontrar e julgar os culpados”.
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Colômbia. Dados alarmantes sobre mortes e ameaças recebidas de líderes sociais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU