28 Fevereiro 2019
O resultado pode ser bom para ambos: o ultimato da disputa comercial foi adiado por dois meses. Assim, o presidente americano Donald Trump pode dar um sinal positivo para os mercados e ganhar tempo.
O comentário é de Francesco Sisci, professor da Universidade Renmin, em Pequim, China, publicado por Settimana News, 26-02-2019. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Para o presidente chinês, Xi Jinping, pode ser ainda melhor, pois não terá que discutir o resultado com a assembleia plenária do Parlamento chinês, o Congresso Nacional do Povo (CNP), que se reúne em Pequim no dia 5 de março, levando para a capital as 3.000 pessoas mais importantes da China.
O confronto, no entanto, só foi adiado porque há milhares de outras questões para além da comercial, como a tecnologia 5G, que vai revolucionar as comunicações e as operações militares de ataque e defesa.
Na perspectiva da China, é nítida a vitória de Xi. Ele assumiu o controle da negociação a partir dos outros níveis burocráticos: o ministério exterior, o gabinete do primeiro-ministro Li Keqiang e o vice-primeiro-ministro Wang Yang. Esses são os aparatos que geriram as relações com os EUA durante décadas.
Ele colocou seu braço-direito, Liu He, no comando e teve um resultado inesperado: evitou o início da guerra e a rendição. Analisou o fato de que a China corria risco de entrar em guerra e fez duas escolhas, ambas más para o país.
Xi optou por uma estratégia de centralização e exclusão que gerou resultados reais. A mesma estratégia pode ter sido utilizada alguns meses antes, para concluir o acordo com o Vaticano.
Por outro lado, os EUA têm demonstrado que não têm uma hostilidade a priori a Xi Jinping, pois contribuiu para que os americanos não enfrentassem a difícil situação de lidar com o parlamento chinês.
Portanto, declararam que, pelo menos por enquanto, querem que Xi seja o interlocutor, rejeitando ofertas diretas e indiretas da oposição chinesa. Por isso, hoje o presidente chinês está em uma boa posição para concentrar ainda mais poder e fazer as reformas necessárias para atender as demandas estadunidenses e as necessidades das mudanças atuais na China.
Os desafios continuam enormes, e as chances de uma verdadeira guerra não diminuíram. No entanto, Xi tem mais margem de manobra, o que pode ser bom para todos.
Trump, que evitou uma baixa dos mercados após o ultimato, também tem capital para gastar em seu país. Ele também precisa se preparar para as ações que deve tomar daqui a dois meses, quando muitos dos problemas de hoje estarão ainda mais em voga.
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Trégua na disputa comercial entre EUA e China: uma vitória para Xi Jinping - Instituto Humanitas Unisinos - IHU