03 Setembro 2018
- O mais antigo fóssil humano já encontrado no país, a "Luzia"
- O Bendegó, maior meteorito já encontrado no Brasil
- O Maxakalisaurus topai, primeiro dinossauro de grande porte montado no Brasil
Estes são apenas três dos vinte milhões de itens do Museu! Vinte milhões de itens! Conhecimento, ciência de valor incalculável... da Paleontologia à História, da Antropologia à Geologia... Não é admissível que um País sofra uma perda desse tamanho enquanto banqueiros lucram horrores, corporações industriais ganham benesses fiscais, ruralistas têm dívidas bilionárias perdoadas, emendas parlamentares são aprovadas de rodo no toma-lá-dá-cá para salvar a pele de Temer, a Samarco destrói o Rio Doce e segue essencialmente impune e privilégios de juízes e parlamentares são intocáveis.
A tristeza, revolta e frustração não cabem em mim esta noite!
Luzia
Bendegó
Maxakalisaurus topai
Daqui a algumas horas - se é que isso já não aconteceu - virá algum cretino dizer que não é para politizarmos a destruição do Museu Nacional. (Com todo respeito aos cretinos que sejam apenas cretinos, e não manipuladores vis.)
Quando tudo o que devemos fazer é politizar o tema - para que não aconteça algo similar.
Para que não aconteça algo similar é preciso um monte de coisas. Mas também é preciso elegermos (e não somente para o Executivo) candidatos que prezem a história, a cultura e a educação.
E não genocidas culturais. (Cito aqui definição feita pela jornalista Mariana Filgueiras, que entende bastante de cultura e do Rio.)
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Genocida cultural não é só o ignorante do Bolsonaro, não, esse ignorante que se orgulha de ser ignorante, assim como a parte ignorante (e violenta) de seu eleitorado que se orgulha de ser ignorante e violenta.
Genocida é genocida em qualquer canto - para citarmos novamente o verso dos Titãs. Riquezas são diferentes. Culturas são diferentes.
E milhões de idiotas, portanto, milhões de cúmplices ajudaram a atear fogo no Museu Nacional, na mesma medida em que não respeitaram a história e não respeitam a diversidade, na mesma medida em que não respeitaram nem as aparências de democracia.
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A principal imagem que me vem à cabeça é a de um personagem bibliófilo - cuidem das bibliotecas... - do romance "Auto de Fé" (1935), obra-prima de Elias Canetti, ao presenciar uma destruição de livros. Ele exclama: "Canibais! Canibais!"
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E me lembro desta sequência sensacional, um grande momento da literatura:
"Das estantes os livros precipitam-se ao chão. Ele os apanha com os braços compridos. Furtivamente, para que ninguém lá fora possa ouvi-lo, carrega pilha por pilha para o vestíbulo. Amontoa-os diante da porta de ferro. E, enquanto a espantosa barulheira ainda lhe fragmenta o cérebro, constrói uma poderosa barricada de livros. Tomos e mais tomos abarrotam o vestíbulo. Ele recorre à escada. Em breve chegará ao teto. Retorna ao gabinete. As estantes descerram bocarras vazias. Diante da escrivaninha o tapete está em chamas. Ele se encaminha para o cubículo ao lado da cozinha e retira dele todos os jornais velhos. Separa folha por folha, amassa todas, transforma-as em bolas e joga-as em todos os recantos. Recoloca a escada no centro da sala, no mesmo lugar de antes. Sobe até o sexto degrau, observa o fogo, espera. Quando as labaredas finalmente o alcançam, solta uma gargalhada tão estrondosa como nunca soltara em toda a sua vida".
A destruição do Museu Nacional é o símbolo maior do que vivemos.
Frase de Michel Temer diante da destruição do Museu Nacional: "Foram perdidos 200 anos".
Nem uma palavra sobre a sua responsabilidade, cortando verbas e sucateando o museu.
"No final de um governo pautado pelo total desprezo a ciência e a educação, o incêndio do Museu Nacional é de um simbolismo tremendo.
A esperança, a cultura, a educação, a história do Brasil e de um povo ardem em chamas. O fogo vem destruindo mais do que museus dia após dia num país em que um impostor comanda e um homem que despreza a educação e o saber lidera a corrida eleitoral e votou pelo congelamento por 20 anos dos investimentos em ciência e educação.
Sofremos todas e todos.
Precisamos valorizar a nossa história!"
Chico Alencar
"O paciente já está morto, vamos desconsiderar a negligência do hospital, dos médicos e a precária política de saúde". Sorry, não vai dar. Esse incêndio no Museu Nacional tem autoria, nomes e sobrenomes que devem ser corresponsabilizados pelo descaso, por toda a falência do estado e das universidades públicas.
É hora também de lembrar, gostem ou não, que os recursos destinados à educação e cultura são investimentos.
Para além dos saques ao erário, por quadrilhas bem conhecidas, resta também não esquecer que mais de R$ 1 bilhão foi para o lixo com essa fracassada e inútil intervenção federal no Rio.
Então, eu vou politizar esse incêndio, suas causas e significados, sim.
É óbvio que o governo Temer está destruindo o país e é o responsável em última instância por esse incêndio. Mas não é o único.
Há muitos anos o Museu Nacional sofre ao ser abandonado pelas políticas públicas.
O que vemos é um filme, que chegou ao seu pior momento, não uma foto instantânea.
Museu Nacional....
gente, estamos ou não estamos na Cidade -Sede da Copa? E das Olimpíadas ?! Já esqueceram disso? Comparem as fotos antigas do que ERA o Museu, comparem com a Cidade Olímpica vazia, a Cidade das Artes (nunca aproveitada), o Maracanã refeito mil vezes, o MIS abandonado na Atlântica... os Museus novos e os outros sucateados ...
Lembrem, esse é o governo desse pessoal todo: PT, PMDB, DEM e PSDB
Natural que em período eleitoral seja feito uso político da tragédia do Museu Nacional, por todos os lados. Inequívoco é que os cortes dos últimos anos cobram o preço, nesse caso não há preço, o patrimônio era imaterial. O orçamento de 2015 foi menor do que o de 2017, motivo para muitos criticarem as gestões petistas, com razão. Por outro lado, esse ano os repasses estavam atrasados e sem previsão, até emenda parlamentar impositiva do deputado Chico Alencar do PSOL do RJ não foi paga por Temer, que levará mais essa para seu fúnebre currículo. Fora esse fla-flu, está claro que uma revisão das prioridades orçamentárias é urgente.
O fato também nos faz refletir sobre o mantra de que a “União investe muito em ensino superior e pouco na educação básica”. Quando se tira o pagamento de pessoal do cálculo, falamos de um patamar de despesas que mal cobrem o funcionamento. O custeio, investimentos e manutenção estão sendo cortados e contingenciados nas IES Federais, há pelo menos três anos. Com a UFRJ não é diferente, isso tem impacto no ocorrido.
A quantidade de piadas e desdém que você verá em relação ao incêndio no Museu Nacional reflete o quanto a ciência, a cultura e os museus são considerados no país. Coisas do tipo “ninguém perde nada” só podem vir de quem resume sua vida a instantaneidade e a mediocridade do hoje.
Não há nada de aleatório ou surpreendente no incêndio do Museu Nacional, no Rio.
É fruto de três décadas de abandono criminoso da cultura e memória nacionais pelo poder público - um legado da ditadura militar em crise, tornado urgente nos anos FHC e que o petismo, no poder, combateu de forma insuficiente - enquanto enchia os bolsos de bancos e teles.
É, ainda, um retrato acabado do que acontece com memória, cultura e patrimônio histórico quando a função primordial do Estado passa a ser compreendida como a de administrador de superávit fiscal.
Foi uma tragédia diversas vezes anunciada - e silenciada sob o argumento, recorrente, de que "não há verbas". Mas para pagar juros a banqueiros e para dar aumento de salários a juízes já muito bem remunerados, sempre há.
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