29 Mai 2018
São apenas 250, uma minúscula parte dos mais de 400 mil padres católicos no mundo, e 11 deles são espanhóis. [Entre os signatários estão três brasileiros: Fernando Pereira, SCJ, André Sampaio e Gilson Santos Magno. NdT.] Mas a dureza de suas críticas ao Papa e às suas reformas revelam a existência, já impossível de disfarçar, de um cisma em toda ordem provocado por clérigos e bispos ultraconservadores, que veem como “um caos doutrinal” a situação que se está vivendo na Igreja com as aberturas promovidas por Francisco.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 28-05-2018. A tradução é de André Langer.
Um dos sacerdotes mais ativos é o missionário espanhol Christopher Hartley Sartorius, que trabalha com os mais pobres na Etiópia, mas, ao mesmo tempo, empunha com mão de ferro a espada da oposição mais radical entre os eclesiásticos espanhóis.
Hartley está promovendo, através da rede, o ‘Apelo Pastoral’ aos bispos de todo o mundo para que enfrentem a deriva teológica que, na sua opinião, se está vivendo no atual Pontificado, e que se reflete na abertura aos gays, aos divorciados recasados ou no debate sobre o papel dos leigos, do sacerdócio feminino ou dos padres casados.
“Que a Virgem Santíssima e São Miguel Arcanjo protejam a Igreja Católica das ciladas do demônio, lobos com pele de ovelha”, conclui o correio eletrônico em que o padre espanhol incentiva todos os sacerdotes de seu entorno para subscrever a iniciativa, que “existe para incentivar os padres a dar testemunho do Evangelho e convidar os bispos a exercer sua autoridade apostólica”.
No “Apelo Pastoral aos Bispos para uma Reafirmação Apostólica do Evangelho”, os signatários denunciam “uma abordagem errada da vida moral cristã que muitas vezes encontramos e que prejudica seriamente aqueles que se deixam enganar por ela”.
No mesmo documento, pedem aos bispos de todo o mundo – e, como tal, ao Bispo de Roma – para que não permitam a comunhão a divorciados recasados, homossexuais e outros que “cometem atos objetivamente malignos”, mas “que são julgados subjetivamente livres de culpa”.
A carta é publicada no 50º aniversário da polêmica encíclica Humanae Vitae, que proibiu o uso de preservativos, o aborto, as uniões civis e as relações homossexuais, e cuja vigência esses sacerdotes reivindicam para fazer frente à nova pastoral defendida por Francisco que, para os signatários, é “contrária ao Evangelho”.
Entre outras coisas, os signatários destacam como “a atividade sexual fora do matrimônio é em todas as circunstâncias gravemente mau”, um “grave mal” que “é um pecado mortal”. Para esses sacerdotes, a consciência “pode julgar erroneamente devido à deformação que vem de pecados anteriores”.
“Percebemos, como sacerdotes, que muitos clérigos e leigos foram tão afetados pelas mentalidades seculares e a falsa teologia moral das décadas passadas que agora consideram o testemunho apostólico da Igreja como idealista, ultrapassado ou mesmo cruel”, ressaltam estes sacerdotes, que admitem que a atual situação da Igreja de Francisco é “desencorajadora para os sacerdotes e pode nos levar a evitar oferecer uma apresentação clara e autêntica do Evangelho”.
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250 padres de todo o mundo acusam o Papa de promover um “caos doutrinal” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU