Nicarágua. Motoqueiro entra na catedral de Manágua para intimidar o cardeal

Cardeal Brenes. | Foto: Vatican News

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01 Mai 2018

Um motoqueiro entrou hoje na Catedral Metropolitana de Manágua para intimidar o cardeal Leopoldo Brenes, em meio à crise pela qual a Nicarágua está passando por causa das manifestações contra o presidente Daniel Ortega por parte da população apoiada pela Igreja Católica.

A reportagem é publicada por Religión Digital, 30-04-2018. A tradução é de André Langer.

“Hoje de manhã, na catedral de Manágua, minutos antes do início da celebração eucarística das 8h (14h GMT), irrompeu de forma violenta uma pessoa do sexo masculino e motorizada, que chegou a toda velocidade no presbitério da catedral, gritou exaltado e de forma desafiadora: ‘Quem é que quer a paz?’”, denunciou a Arquidiocese de Manágua, em um comunicado.

O incidente ocorreu um dia depois que a Igreja Católica anunciara que daria um mês para o Governo cumprir os acordos de um possível diálogo nacional, para o qual os bispos foram convidados como mediadores.

O anúncio foi lido pelo cardeal Brenes no sábado à tarde, na presença de uma multidão poucas vezes vista na Nicarágua nas últimas décadas, que reuniu pessoas que pedem a renúncia de Ortega.

A descrição do motociclista, que após o incidente foi convidado a deixar a sede católica, coincide com homens motorizados que pertencem às forças de choque do Governo, que a população e as organizações de direitos humanos apontam como responsáveis pela morte de pelo menos 42 pessoas durante a repressão aos manifestantes ocorrida na semana passada.

“Juntamente com o senhor cardeal Leopoldo J. Brenes, arcebispo de Manágua, repudio e condeno a ação vulgar e desrespeitosa do motoqueiro que entrou no domingo, 29 de abril, na Santa Igreja da Catedral de Manágua. A primeira a querer a paz é a Igreja!

Brenes repudiou a “ação provocativa” e convidou os católicos para rezarem em suas casas para que a crise sociopolítica na Nicarágua seja superada.

“É urgente restaurar a paz na Nicarágua e a primeira a querer a paz é a Igreja”, observou a Arquidiocese de Manágua.

A religião católica é a mais seguida na Nicarágua, com 58,5% da população, segundo dados oficiais.

Os protestos contra Ortega começaram há 12 dias contra medidas de seguridade social que elevariam as contribuições, reduziriam as pensões e estabeleceriam a contribuição perpétua, e não se esgotaram no último domingo, quando o presidente se retratou devido ao número de mortos.

Embora a repressão de Ortega tenha diminuído na segunda-feira, agora a população exige a renúncia do presidente e de sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo, por considerá-los repressores, corruptos, violadores dos direitos humanos e das liberdades públicas.

Os nicaraguenses também responsabilizam o presidente por suposta fraude eleitoral, aumento contínuo dos combustíveis, impunidade da polícia, inexplicáveis mortes de camponeses que se opunham ao governo, discurso oficial de “paz e reconciliação” que supostamente não reflete a realidade do país, entre outros.

“Juntamente com o cardeal Leopoldo J. Brenes, Arcebispo de Manágua, repudio e condeno a ação vulgar e desrespeitosa do motoqueiro que entrou no domingo, 29 de abril, na Igreja da Santa Catedral de Manágua. A primeira a querer a paz é a Igreja!”, manifesta o tuíte da Arquidiocese de Manágua.

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