09 Fevereiro 2018
O Pe. James Martin, SJ, é o “católico mais assustador da América”? Frank Bruni, colunista do The New York Times, levantou essa questão, depois que os ataques da direita forçaram uma paróquia de Nova Jersey a cancelar uma palestra agendada com Martin.
O comentário é de Robert Shine, publicado por New Ways Ministry, 07-02-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Em sua coluna, Bruni perguntou-se por que os grupos de direita ficaram tão obcecados com Martin em seus vis comentários na internet e suas ameaças de protestos contra suas aparições públicas.
A resposta que ele encontrou foi simplesmente o apelo de Martin para que as pessoas LGBT sejam respeitadas com compaixão e sensibilidade na Igreja, um chamado que foi publicado em seu livro Building a Bridge.
Bruni comentou:
“Isso é tudo. É isso. Ele não diz que a Igreja deveria abençoar o casamento gay ou a adoção gay. Ele não rejeita explicitamente o ensino da Igreja, que prescreve a castidade para homens gays e lésbicas, embora ele questione a linguagem – ‘intrinsecamente desordenada’ – com que ela descreve a homossexualidade.”
“Mas isso não impediu que seus detratores o lançassem como um terrível inimigo da fé. E o veneno ao qual ele foi submetido é de tirar o fôlego, um lembrete não apenas de quanta homofobia ainda existe, mas também de quão presunçoso, exagerado, cruel e destrutivo pode ser o discurso nesta era digital.”
Bruni questionou o bispo de San Diego, Robert McElroy, sobre os ataques contra o Pe. Martin e a última defesa do jesuíta por parte do bispo que, anteriormente, disse que os ataques da direita deveriam ser um “alerta” para os católicos sobre a necessidade de erradicar o “julgamentalismo” da Igreja. Agora, McElroy disse que tais métodos extremos são “incompatíveis com aquilo que esperamos da Igreja”.
Ele continuou:
“Nós temos que enfrentar o fato de que há um grupo de pessoas em todas as visões religiosas que são particularmente antagônicas às pessoas LGBT. Isso vem do fundo da alma humana e é realmente corrosivo e repugnante.”
Bruni revelou sua própria admiração pelo tom equilibrado e respeitoso de Martin contra as “táticas de ‘terra arrasada’ dos ultraconservadores”.
Ele acrescentou:
“Eu conheço o Pe. Martin há muitos anos e há muito tempo me surpreendo com o equilíbrio minuciosamente cuidadoso que ele mantém. Ele estaria dizendo a seus companheiros católicos que julguem as pessoas LGBT com menos dureza, sejam elas castas ou não? Absolutamente sim. Quando ele e eu conversarmos há alguns dias, ele repetiu uma recomendação de Building a Bridge de que as instituições católicas parem de demitir pessoas gays, o que tem acontecido repetidamente.
“Ao ouvir o Pe. Martin, certamente é possível concluir, ou pelo menos pensar, que ele tem alguns escrúpulos com o ensinamento da Igreja sobre a homossexualidade. Mas ele é tão retido e respeitoso, que o presidente da Conferência Jesuíta do Canadá e dos Estados Unidos aprovou oficialmente o livro Building a Bridge, que também foi endossado por uma série de proeminentes cardeais e bispos.”
Conversando com Bruni, Martin explicou:
“Eu estou em paz total. Eu realmente estou. Um oceano de ódio online é realmente varrido por apenas algumas lágrimas de uma pessoa LGBT.”
Essas dificilmente são as palavras do católico mais assustador da América.
* * *
Martin lançará uma versão revisada e expandida de Building a Bridge nos próximos meses.
Para ler a coluna de Frank Bruni na íntegra, em inglês, clique aqui.
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Pe. James Martin, o ''católico mais assustador da América''? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU