19 Janeiro 2018
Ele é, com a permissão do Papa – talvez a despeito dele –, o protagonista da viagem de Francisco ao Chile. O polêmico bispo de Osorno, Juan Barros, que o Papa acabou de defender publicamente em Iquique. “No dia em que me trouxerem uma prova contra o bispo Barros, aí eu vou falar. Não há uma única prova contra ele; é tudo calúnia”, disse o Sumo Pontífice, em rápidas palavras ditas à Rádio Biobío.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 18-01-2018. A tradução é de André Langer.
O bispo, que acompanha Bergoglio, assegurou na sua chegada à cidade que “o Papa me deu palavras de encorajamento, apoio e carinho”, e que, apesar das críticas, sente a “adesão” dos fiéis em sua diocese.
Mais: o próprio Papa defendeu o bispo. Em declarações à Rádio Biobío ao chegar ao Campus Lobito, Bergoglio considera que as acusações contra Barros são “uma calúnia”.
Barros destacou aos jornalistas, que ontem, após a missa em Temuco, “o Papa me deu palavras de encorajamento. As palavras específicas guardo no meu coração. Foram de apoio e de carinho”. Para o bispo de Osorno, “o Santo Padre sempre foi muito carinhoso e solidário comigo. E para alguém, como filho da Igreja, isso o alegra e conforta”.
O prelado, que de 2000 a 2004 foi bispo de Iquique, ignorou as acusações de encobrimento dos abusos de Fernando Karadima e pediu para “ignorar” os protestos dos leigos de Osorno. “Não confundam um grupo com uma diocese. Eu tive momentos muito agradáveis em Osorno. Há pessoas que participam com grande carinho da Igreja, com muito respeito das celebrações religiosas, e também aderem ao pastor que o Santo Padre lhes enviou”.
Perguntado sobre se seu excessivo protagonismo não poderia eclipsar os frutos da visita papal, Barros disse que “participar da missa é a coisa mais importante, e é isso que prevalece, por mais que haja outros comentários”. “Um sacerdote tem que estar posto em Deus (...) Quem é perfeito neste mundo? Jesus não escolhe os perfeitos”, concluiu o bispo.
Barros foi defendido pelo cardeal Errázuriz, que destacou que a “guerra de Osorno é uma polêmica inventada que não tem fundamento”. “O Papa estudou toda a questão, e ele está convencido de que dom Barros não cometeu nenhum crime e, portanto, não vai removê-lo”, ressaltou.
O Papa, entretanto, acaba de chegar a Iquique. Antes de deixar a Nunciatura em Santiago, o Pontífice parou, por alguns instantes, para saudar os jornalistas que esperavam por ele na porta. De forma inesperada, Francisco desceu do carro para agradecer à imprensa “pelo serviço que vocês estão prestando, tantas pessoas que não podem estar aqui e que nos estão vendo de longe”.
“O serviço de vocês é generoso, porque vocês passaram horas aqui”, disse. “Obrigado do fundo do meu coração, que Deus os abençoe. Que a cada um de vocês e suas famílias dê o que mais necessitam”, concluiu o Papa, que pediu aos jornalistas para que “continuem assim, servindo o povo. Rezem por mim e que Deus abençoe a todos”.
Já em Iquique, Francisco presidirá a missa “Celebração fraterna para a integração dos povos” no Campus Lobito da Universidade Arturo Prat, onde se espera a presença de mais de 100 mil fiéis.
Após a missa, espera-se que o Pontífice receba duas vítimas da ditadura de Pinochet, que lhe entregarão uma carta.
Mais tarde, o Papa almoçará na casa dos retiros dos Padres Oblatos, onde se encontrará com cerca de 20 enfermos. Após o almoço e um pequeno descanso, Francisco se despedirá do Chile rumo à segunda parte da sua viagem: o Peru.
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Francisco, enfático: “Não há uma única prova contra Barros; é tudo calúnia” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU