20 Janeiro 2018
"No ano do Laicato é preciso suscitar no coração dos leigos e leigas a importância da sua vocação missionária, e o quanto ela contribui para o bem de toda a Igreja e da sociedade (cf. AG n.21).", escreve Orlando Polidoro Junior, teólogo, pastoralista e bacharel em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR.
Tema: “Cristãos leigos e leigas, sujeitos na ‘Igreja em saída’, a serviço do Reino”.
Lema: “Sal da Terra e Luz do Mundo”, Mt 5,13-14.
A importância da participação dos leigos e leigas na missão da Igreja e na sociedade.
“Sob o nome de leigos entendem-se aqui todos os cristãos, exceto os membros das Sagradas Ordens ou do estado religioso reconhecido na Igreja, isto é, os fiéis que, incorporados a Cristo pelo Batismo, constituídos em Povo de Deus e a seu modo feitos participantes da função sacerdotal, profética e régia de Cristo, exercem, em seu âmbito, a missão de todo o Povo cristão na Igreja e no mundo” (CIC §897).
“Uma vez que, como todos os fiéis, por meio do batismo e da confirmação, são destinados por Deus ao apostolado, os leigos, individualmente ou reunidos em associações, têm obrigação geral e gozam do direito de trabalhar para que o anúncio divino da salvação seja conhecido e aceito por todos os homens, em todo o mundo; esta obrigação é tanto mais premente naquelas circunstâncias em que somente através deles os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo” (CDC c. 225 §1).
No ano do Laicato é preciso suscitar no coração dos leigos e leigas a importância da sua vocação missionária, e o quanto ela contribui para o bem de toda a Igreja e da sociedade (cf. AG n.21). Em saída, cheios do Amor de Deus em ações práticas de amor ao próximo (cf. Jo 15,17), os leigos devem refletir, com sabedoria, seu protagonismo neste contexto reconhecendo o valor pessoal de seu ministério na comunidade. Serviço prezado; movido e enaltecido intensamente pelo Amor de Jesus Cristo em todas as ações pastorais desenvolvidas pela igreja (cf. AA n.2).
Conforme os desígnios de Deus [...], neste momento, em plena comunhão com os Três Divinos, com o Papa Francisco e a nossa Igreja, necessitamos de um novo Pentecostes (cf. At 2,1-4) dentro do coração de cada um, para que, impregnando o mundo com o espírito cristão (cf. GS n.43), possa bendizer e retribuir com muita alegria e esplendor, todas as graças recebidas do alto, compartilhando-as fraternalmente em grandes atos de caridade [amor pleno ao próximo], diante das missões pastorais que, em caminhada, representam a imagem de Jesus Cristo – a Pedra Angular que sustenta fielmente a edificação do projeto de Deus para todo seu povo amado (cf.1Pd 2,6-8).
Como membros vivos na missão da Igreja, todos os leigos são chamados a desenvolverem funções que incrementam a perene santificação da própria comunidade (cf. LG n.33).
Atuando benevolentemente em trabalhos voluntários que atingem à vida do próximo nas pastorais; nos movimentos e em missões fora da Igreja, os leigos e leigas continuam a escrever, com louvores, o Ato dos Apóstolos (cf. Jo 13,12-17).
De semelhante para semelhante, a participação dos leigos não está somente nas missões desenvolvidas dentro das comunidades eclesiais (cf. AA n.13), pois muitos se lançam às Bem-Aventuranças fora da igreja, e voluntariamente dedicam boa parte de suas vidas em ações de misericórdia e solidariedade em muitas instituições de saúde, casas de assistência aos idosos e crianças, casas de recuperação de usuários de entorpecentes e de álcool, e tantas outras belíssimas obras de promoção humana (cf. Mt 5,7).
Focado mais precisamente em ações pastorais nas igrejas, imaginemos a quantidade de fiéis engajados em todas as comunidades do universo Cristão. São milhares de leigos e leigas envolvidos na estrutura eclesial, e, juntamente com o clero: bispos, presbíteros e diáconos (cf. AA n.25), como membros ativos ajudam na missão evangelizadora, anunciando Jesus, O Cristo – cabeça da nossa Igreja – movida pela ação do Espírito Santo (cf. AA n.3).
Hoje, seria impossível mantermos as estruturas de atuação das nossas comunidades eclesiais sem o apostolado dos leigos (cf. CIC §900).
Devemos lembrar que as portas sempre estiveram e continuam abertas para todo fiel que, como povo de Deus, queira participar e evoluir, a seu modo, do tríplice múnus de Cristo (cf. LG n.31), desenvolvendo a missão evangelizadora que Jesus Cristo deixou para nossa Igreja através dos frutos do Espírito Santo (cf. AA n.2).
Pelo chamado a um enobrecedor projeto de vida pessoal, sendo, pela graça, um instrumento para a construção do Reino de Deus (cf. CIC §2820), todo discípulo missionário deve engajar-se ativamente em algum ministério eclesial, ou em obras de ações sociais voltadas ao bem da comunidade, pois estando incorporado mais ativamente às obras divinas, produz frutos abundantes que o elevam ainda mais a um estado contemplativo de amizade com o Pai – servindo-O em ações de fraternidade, realizadas e reconhecidas em todas as missões exercidas para o bem comum da humanidade (cf. Gl 6,10). “Consagram a Deus o próprio mundo” (LG n.34).
Para os leigos e leigas que ainda não conseguiram “reconhecer o chamado”, para a alegria dos Três Divinos, todos podem interceder em orações, clamando ao Espírito Santo para que ilumine a alma missionária desses irmãos, manifestando em seu interior o desejo de agir na difusão do Evangelho (cf. At 18,18.26; Rm 16,3).
Todos os leigos Incorporados a Cristo estão em plena comunhão com O Seu corpo que está vivo em nossa igreja – revelando em unidade – o sentido universal da graça alcançada em comunidade (cf. AA n.10).
O serviço ao próximo é um dos maiores testemunhos de fé do verdadeiro cristão, pois formando um só corpo em Cristo (cf. Rm 12,4-5), constroem-se um pedaço do céu terreno – onde Deus está a serviço de suas amadas criaturas (cf. Mc 10,45).
Movidos pelos dons e carismas recebidos do céu, a participação dentro das comunidades pastorais aproxima muitos irmãos que contemplam um grau mais elevado de espírito evangélico, ou seja, estando mais enraizados e fortalecidos de conhecimentos do plano de Deus, conseguem ser bons propagadores do Seu Reino (cf. AA n.5).
O envolvimento com a comunidade paroquial gera diversas oportunidades de formações “fides quaerens intellectum”, [fé em busca de entendimento – Santo Anselmo], estimulando a participação em cursos, palestras, estudos bíblicos, Teologia, grupos de orações e tantas outras providências do céu, que edificam e animam com a sabedoria divina e o discernimento humano [fé e razão], “valores do Reino no âmbito da vida social, econômica, política e cultural” (DAp n.212). Pela graça, o verdadeiro amor da Santíssima Trindade ilumina os caminhos para ‘as coisas’ de Deus, fazendo com que se receba verdades de fé e de caridade plena ao próximo (cf. Rm 13,10).
Para os que já atuam em comunidades eclesiais, a perseverança é um dom que deve ser sempre animado pelo Espírito Santo, pois o cansaço e a fraqueza podem levar ao afastamento da missão. Por isso, é necessário “renovar seu carisma original” (DAp n.311). A obra necessita de cristãos com o coração extasiado pela paz do Senhor (cf. Jo 14,26-27).
Com o resplandecer da Nova Primavera exaltada com imensa riqueza pastoral pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, agora, colhendo e semeando bons frutos dessa estação, a Igreja Católica no Brasil lança o Ano do Laicato (26 de novembro de 2017, a 25 de novembro de 2018), e coloca os cristãos laicos como protagonistas da Igreja em saída – sujeitos da evangelização no mundo.
A missão de anunciar a Boa-nova para o mundo tem seu início principalmente dentro das comunidades pastorais das igrejas, visto que, tendo Cristo como cabeça; o clero, os religiosos (as) e os leigos e leigas como seus membros, juntos, porém [evitando o clericalismo], mas com planejamento, vocação, visão apostólica, perseverança, fé, e principalmente muito amor ao próximo, fortalecem o Reino de Deus – aproximando os que mais necessitam, pela graça, conhecer o Amor e a Misericórdia Trinitária.
Caminhando e evangelizando através da caridade e não do proselitismo, mas sinalizando o bem maior da paz interior prometida por Jesus, o protagonismo dos leigos promove uma ação redentora, capaz de mostrar ao mundo, o quanto O Deus criador deste mundo pode transfigurar nossas vidas. Mas para isso é preciso que O conheçam melhor, pois é na vida que Ele se revela.
Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2010
Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Edições Loyola, 1999
CELAM. Documento de Aparecida. São Paulo: Paulus, 2008
Código de Direito Canônico. São Paulo: Edições Loyola, 2001
Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II. São Paulo: Paulus, 2014
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