12 Dezembro 2017
A uma semana das eleições e em meio ao preocupante fantasma da abstenção, Chile se prepara para eleger no segundo turno, do dia 17 de dezembro, seu sétimo presidente pós-ditadura, entre o conservador Sebastián Piñera e o candidato da situação Alejandro Guillier.
A reportagem é publicada por Página/12, 11-12-2017. A tradução é do Cepat.
Segundo analistas, um dos fatores que impede falar com certeza de um possível vencedor é que o voto no Chile é voluntário e muitos dos 14 milhões habilitados para votar preferem ficar em casa. De fato, a participação no primeiro turno do dia 19 de novembro não chegou sequer a 50%, mesmo quando os eleitores contavam com uma gama de oito candidatos que representavam da ultraesquerda à ultradireita. Outros destacam que é difícil para alguns dos que votaram em postulantes derrotados no primeiro se animar e ir votar novamente em um candidato que não é o seu.
Para evitar uma massiva abstenção, tanto o governo como os partidos políticos não pouparam espaços para pedir aos chilenos que compareçam às urnas. Inclusive, as autoridades dispuseram que o transporte público seja gratuito para facilitar o deslocamento. A uma semana das eleições, tanto Piñera, que busca um segundo mandato, como seu adversário, o senador Alejandro Guillier, nestes dias, estão à caça de eleitores dos candidatos derrotados.
Piñera, um abastado empresário de 68 anos, chega à eleição após ter vencido o primeiro turno com 36,6% dos votos e é o candidato da Chile Vamos, uma aliança integrada, entre outros, pelo Partido Renovação Nacional (RN), o maior da oposição, e pela União Democrata Independente (UDI). Além disso, conseguiu o apoio “sem condições” do ex-candidato presidencial José Antonio Kast, um deputado ultraconservador e declarado “pinochetista”, que conseguiu no primeiro turno 7,9% dos votos provenientes, em sua maioria, da chamada “família militar”, que reúne pessoas que no passado serviram nas forças armadas. Também entre os evangélicos, que rejeitam o aborto e a igualdade de gênero promovida por Bachelet.
Guillier, um conhecido jornalista de 64 anos, é apoiado pela Nova Maioria, um bloco de centro-esquerda composto por social-democratas, comunistas e democratas cristãos. O postulante da situação busca se fortalecer com os surpreendentes 20,2% dos votos obtidos pela novata Frente Ampla (FA), uma aliança que tinha como sua postulante a também jornalista Beatriz Sánchez, que se tornou a terceira força política do país, ao subir de três para 20 deputados e eleger pela primeira vez um senador.
A Frente Ampla, integrada por 14 partidos e movimentos, de humanistas a liberais de esquerda, evitou até o momento apoiar abertamente, como bloco, Guillier. No entanto, Sánchez e outros dirigentes desta frente decidiram apoiar sua candidatura, em nível pessoal, ao considerar que Piñera representa “um retrocesso e um risco” ao Chile.
Para apoiá-lo como bloco, a Frente Ampla pede a Guillier que se comprometa a perdoar a dívida que milhares universitários mantém com o banco, o fim do atual sistema de aposentadorias e a convocação para a criação de uma nova Constituição que substitua a herdada da ditadura de Pinochet.
Esta será a sétima eleição presidencial, desde o fim da ditadura (1973-1990). O vencedor sucederá a Bachelet, a primeira e até agora única mulher presidente do Chile em toda a história do país.
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Chile. A abstenção, um fantasma - Instituto Humanitas Unisinos - IHU