07 Setembro 2017
O ex-arcebispo de Bolonha foi um dos quatro cardeais signatários de uma série de questões ao papa, denominadas “dubia”.
A reportagem é de Christopher Lamb, publicada no sítio The Tablet, 06-09-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O cardeal italiano Carlo Caffarra, um teólogo moral que lançou um desafio público ao ensinamento do Papa Francisco sobre matrimônio e família, morreu aos 79 anos, como confirmou o Vaticano.
O ex-arcebispo de Bolonha foi um dos quatro cardeais signatários de uma série de questões, denominadas “dubia”, sobre o movimento do papa de permitir que divorciados em segunda união recebam a comunhão.
A sua morte, no entanto, significa que apenas dois dos cardeais das “dúbia” permanecem vivos, já que o cardeal Joachim Meisner faleceu em julho passado.
O cardeal Caffarra era amplamente respeitado como um proeminente defensor das fórmulas estabelecidas há muito tempo do ensinamento moral católico, mas também estava disposto a examinar questões como a engenharia genética. Em 1978, ele representou a Santa Sé no primeiro congresso mundial sobre esterilidade e procriação artificial.
Foi durante o papado de São João Paulo II que o cardeal veio à tona, quando o papa polonês nomeou Caffarra como presidente do Instituto João Paulo II para Estudos sobre o Matrimônio e a Família.
Isso ocorreu um ano depois de ele ter atuado como perito no sínodo de 1980 sobre o matrimônio e a família, embora ele também tenha sido membro dos encontros do Sínodo de 2014 e 2015 convocados pelo Papa Francisco sobre o mesmo tema.
Estes dois últimos encontros ajudaram a produzir a fortemente debatida exortação apostólica do papa intitulada Amoris laetitia, na qual uma abertura é oferecida aos católicos em segunda união que desejam voltar aos sacramentos.
Isso levou à oposição vigorosa de alguns ambientes que argumentam que Francisco está diluindo os ensinamentos da Igreja sobre o divórcio.
O cardeal Caffarra foi um desses interessados e, em novembro passado, deu o passo altamente incomum de se unir a outros três cardeais para exortar o papa a esclarecer a Amoris laetitia. As “dubia” requerem respostas “sim ou não”, e, até agora, Francisco se recusou a respondê-las.
Em junho, o cardeal aposentado escreveu uma carta – que mais tarde foi divulgada na mídia – pedindo uma audiência a Francisco para discutir as preocupações dos cardeais. Naquela carta, Caffarra prometeu a sua “dedicação absoluta e o nosso amor incondicional pela Cátedra de Pedro e pela sua augusta pessoa”, mas disse que se sentiu compelido a pressionar Francisco sobre o que ele está fazendo em relação às interpretações divergentes da sua exortação apostólica. Alguns bispos disseram que os divorciados em segunda união podem voltar aos sacramentos, enquanto outros rejeitam tal ideia.
No fim, o cardeal morreu sem ter as suas perguntas respondidas.
A sua morte significa que, dos quatro cardeais signatários originais das “dubia”, restaram o cardeal Raymond Burke, 69 anos, e Walter Brandmüller, 88 anos, ex-presidente do Pontifício Comitê das Ciências Históricas.
O cardeal Burke, patrono da Ordem de Malta, tem sido um crítico público de Francisco e ameaçou corrigir formalmente o papa. Embora ele ainda não tenha dado tal passo, o cardeal já delineou como isso pode acontecer.
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Carlo Caffarra, um dos cardeais das ''dubia'', morre aos 79 anos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU