16 Fevereiro 2017
Por muito tempo elogiado, o fundador do Sodalício de Vida Cristã, Luis Figari, foi dura e firmemente condenado pela Santa Sé. Ele foi considerado culpado por muitos abusos sexuais e agora não têm mais escapatória. Foi-lhe imposto para não viajar para o Peru, a não ser por motivos muito graves. Foi-lhe impedido de ter contatos de qualquer tipo com pessoas do Sodalício. Ele foi obrigado a residir estavelmente em uma residência em que não haja possibilidade de se comunicar com a instituição por ele fundada. De agora em diante, ele não poderá fazer uso dos meios de comunicação para fazer declarações e foi-lhe proibida a participação em eventos públicos do Sodalício ou de qualquer outra organização. Foi-lhe garantido um estilo de vida decoroso, do qual o próprio Sodalício deverá se encarregar economicamente.
A reportagem é de Francesco Strazzari, publicada no sítio Settimana News, 13-02-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O sucessor, Alessandro Moroni, informou que as conclusões às quais a Santa Sé chegou são o resultado de investigações realizadas pelas autoridades vaticanas, que puderam recolher os testemunhos de inúmeras pessoas e tiveram acesso a inúmeros documentos [assista ao vídeo abaixo]. Portanto, a condenação é firme, e os atos de fundador, Figari, são considerados de uma gravidade deplorável. Em seguida, serão publicados os resultados das investigações realizadas dentro da instituição por parte de especialistas internacionais.
É suficiente que o cardeal Cipriani, arcebispo de Lima, ciente dos fatos do Sodalício, admita agora que os abusos minaram a dignidade de pessoas indefesas? Acreditamos francamente que não. Figari era protegido em Roma, na Cúria Romana, por alguns cardeais e bispos de notável prestígio. Gozava, em sua pátria, de simpatia na mídia, na magistratura e no empresariado. Estavam com ele os bem-pensantes tradicionalistas em nome do capitalismo e da luta contra a as infiltrações de esquerda.
Os primeiros acusadores dos abusos foram considerados mentirosos e mal-intencionados, vendidos como se fossem opositores da linha-Cipriani, a ponta do Opus Dei no Peru, que, nos últimos anos, desempenhou um papel de primeiro plano na oposição às correntes reformadoras dentro da Igreja Católica e do país. É conhecida a sua oposição à Universidade Católica de Lima, para a qual ele tinha obtido da Santa Sé que lhe fosse retirada a qualificação de “católica e pontifícia”, que lhe foi restituída há pouco tempo, depois do envolvimento direto do Papa Francisco, do secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, e do prefeito da Congregação para a Educação Católica, cardeal Giuseppe Versaldi, muito apreciado pelas autoridades acadêmicas da Universidade de Lima e pelos estudantes por causa das suas intervenções.
Espera-se em Lima que a intervenção da Santa Sé contra o fundador do Sodalício traga um pouco de serenidade. Mas as tensões por causa dos acontecimentos do Sodalício e da Pontifícia Universidade Católica vão exigir muito tempo para desaparecer. Talvez a hierarquia peruana e a comunidade diocesana de Lima deverão em breve lidar com um novo arcebispo, chegando ao fim o mandato de Cipriani. A corrida à sucessão já começou e já são lançados alguns nomes. Continuidade ou renovação radical?
No vídeo abaixo, o superior-geral do Sodalício, Alessandro Moroni, informa sobre a condenação de Figari, junto com outros membros da organização, por abuso sexual de 19 menores de idade e 17 adultos.
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Luis Figari, fundador do Sodalício de Vida Cristã, condenado por abusos sexuais de menores - Instituto Humanitas Unisinos - IHU