12 Mai 2016
Dias difíceis para a United Methodist Church, reunida a partir dessa terça-feira em Portland (Oregon), por ocasião da sua Conferência Geral que ocorre a cada quatro anos.
A reportagem é de Marta D'Auria, publicada no sítio da revista Riforma, semanário das Igrejas evangélicas batista, metodista e valdense italianas, 10-05-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Na segunda-feira, em uma carta publicada no site conciliar Reconciling Ministries Network, 111 pastores da Igreja Metodista Unida declararam ser gays, lésbicas, bissexuais, transgênero, queer e intersexuais (LGBTQI), e acusaram a sua organização eclesiástica de forçá-los a esconder a própria identidade sexual.
"Embora tenhamos tentado permanecer fiéis ao nosso chamado e aliança, vocês nem sempre permaneceram fiéis a nós", diz a carta. "Você exigiram que nós não fôssemos plenamente nós mesmos no ministério, que escondêssemos as nossas orientações sexuais e as nossas identidades de gênero. Enquanto fizemos isso, vocês afirmaram alegremente os nossos dons e graças, e nos usaram para fazer discípulos de Jesus Cristo para a transformação do mundo nos diversos lugares aonde vocês nos enviaram."
Denunciada a hipocrisia de tal atitude, os pastores pedem à Igreja Metodista Unida que acolha todas as identidades sexuais: "A 'questão LGBTQI' não pode ser resolvida mediante uma legislação restritiva, mas sim vendo que todas as pessoas são feitas à imagem de Deus e devem ser acolhidas na comunidade de fé".
A divisão existe na Igreja, mas, na carta, se apela à unidade: "Querida Igreja, as nossas orações estão com vocês, com todos nós, nos próximos dias. Que todos nós possamos ser surpreendidos pelo Espírito que continua inspirando a nova vida de formas inesperadas. Que possamos encontrar o corpo de Cristo mais forte no fim do nosso tempo juntos, e não mais fraco ou mais profundamente ferido. Que possamos oferecer um poderoso testemunho do encontro da unidade, mesmo em meio às nossas diferenças, a um mundo dilacerado pelo medo e pela desconfiança".
A Igreja Metodista Unida não admite nem a ordenação de pessoas que fizeram uma declaração pública de serem homossexuais, nem a celebração de casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Por ocasião da Conferência – onde são atualizadas a doutrina e a disciplina –, os ativistas pedem que a "linguagem discriminatória" presente no Livro da Disciplina seja removida, para que ministros gays e lésbicas possam ser ordenados, e os casamentos entre pessoas do mesmo sexo possam ser celebrados.
Falando ao sítio Christian Today, Matt Berryman, diretor-executivo do sítio Reconciling Ministries Network, disse: "Declarar-se uma pessoa gay praticante na Igreja Metodista Unida envolve ser removido do próprio trabalho e perder o salário. Por isso, é um ato de coragem aquilo que fizeram os 111 pastores. Esperamos que esse gesto provoque uma espécie de mudança".
Berryman acrescentou que pesquisas recentes mostram que a maioria dos membros da Igreja Metodista Unida defende o casamento homossexual, e que o número de igrejas que são inclusivas aumentou em 40%.
"A Igreja não pode seguir em frente assim. Os poderes deverão rever o atual sistema para criar novos espaços que permitam às pessoas viver, se mover e ser elas mesmas na Igreja."
Em um comunicado enviado ao Christian Today, o presidente do Conselho dos Bispos da Igreja Metodista Unida, bispo Warner Brown Jr., informou que a Conferência Geral levará em consideração a posição da denominação sobre a ordenação daqueles que se definem como gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros e outras orientações. Mas resta saber qual será o resultado final das discussões.
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Mais de 100 pastores metodistas estadunidenses "saem do armário" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU