26 Janeiro 2018
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 1,21-28 que corresponde ao Quarto Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Segundo Marcos, a primeira atuação pública de Jesus foi a cura de um homem possuído por um espírito maligno na sinagoga de Cafarnaum. É uma cena impressionante, narrada para que, desde o início, os leitores descubram o poder de cura e de libertação de Jesus.
É sábado e o povo encontra-se reunido na sinagoga para escutar o comentário da Lei explicado pelos escribas. Pela primeira vez Jesus vai proclamar a Boa Nova de Deus precisamente no local onde se ensina oficialmente ao povo as tradições religiosas de Israel.
As pessoas ficam surpreendidas ao escutá-Lo. Têm a impressão de que até agora escutaram notícias velhas, ditas sem autoridade. Jesus é diferente. Não repete o que ouviu a outros. Fala com autoridade. Anuncia com liberdade e sem medos um Deus bom.
De repente, um homem põe-se a gritar: “Vieste destruir-nos?”. Ao escutar a mensagem de Jesus sentiu-se ameaçado. O seu mundo religioso desmorona-se. Diz-nos que está possuído por um «espírito imundo», hostil a Deus. Que forças estranhas o impedem de continuar a escutar Jesus? Que experiências más e perversas bloqueiam o caminho até o Deus bom que anuncia Jesus?
Jesus não se acovarda. Vê o pobre homem oprimido pelo mal e grita: “Cala-te e sai deste homem!”. Ordena que se calem essas vozes malignas que não lhe deixam encontrar-se com Deus nem consigo mesmo. Que recupere o silêncio que cura o mais profundo do ser humano.
O narrador descreve a cura de forma dramática. Num último esforço para destruí-lo, o espírito «retorceu violentamente e, fazendo um forte alarido, saiu dele». Jesus conseguiu libertar o homem da sua violência interior. Colocou um fim às trevas e ao medo a Deus. Daqui em diante poderá escutar a Boa Nova de Jesus.
Não poucas pessoas vivem no seu interior imagens falsas de Deus que lhes fazem viver sem dignidade e sem verdade. Sentem-no, não como uma presença amistosa que convida a viver de forma criativa, mas como uma sombra ameaçadora que controla a sua existência. Jesus sempre começa a curar-nos libertando-nos de um Deus opressor.
As Suas palavras despertam a confiança e fazem desaparecer os medos. As Suas parábolas atraem para o amor de Deus, não para a submissão cega da Lei. A Sua presença faz crescer a liberdade, não os servilismos; suscita o amor à vida, não o ressentimento. Jesus cura porque nos ensina a viver apenas da bondade, do perdão e do amor, que não exclui ninguém. Cura, porque nos liberta do poder das coisas, do autoengano e da egolatria.
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Jesus, aquele que cura - Instituto Humanitas Unisinos - IHU