18 Agosto 2017
Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa,
dirigindo-se, às pressas, a uma cidade da Judeia.
Entrou na casa de Zacarias, e saudou Isabel.
Quando Isabel ouviu a saudação de Maria,
a criança se agitou no seu ventre,
e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
Com um grande grito exclamou:
«Você é bendita entre as mulheres,
e é bendito o fruto do seu ventre!
Como posso merecer que a
mãe do meu Senhor venha me visitar?
Logo que a sua saudação chegou aos meus ouvidos,
a criança saltou de alegria no meu ventre.
Bem-aventurada aquela que acreditou,
porque vai acontecer o
que o Senhor lhe prometeu».
Então Maria disse:
«Minha alma proclama a grandeza do Senhor,
meu espírito se alegra em Deus, meu salvador,
porque olhou para a humilhação de sua serva.
Doravante todas as gerações me felicitarão,
porque o Todo-poderoso
realizou grandes obras em meu favor:
seu nome é santo,
e sua misericórdia chega aos que o temem,
de geração em geração.
Ele realiza proezas com seu braço:
dispersa os soberbos de coração,
derruba do trono os poderosos e eleva os humildes;
aos famintos enche de bens,
e despede os ricos de mãos vazias.
Socorre Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia,
conforme prometera aos nossos pais,
em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre.»
Maria ficou três meses com Isabel; e depois voltou para casa.
Leitura do Evangelho segundo Lucas 1, 39-56 (Correspondente à Festa da Assunção de Maria, ciclo A do Ano Litúrgico).
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
A Igreja celebra hoje a Solenidade de Virgem Maria, Assunta aos Céus. Uma data que recebe uma tradição importante pelo amor a Maria de todos os discípulos e discípulas ao longo de toda a história cristã.
O texto que foi lido do Evangelho de Lucas apresenta Maria, logo após o início de sua gravidez, que parte às pressas para a região montanhosa para visitar Isabel, sua parenta, que também estava grávida, apesar da sua idade.
A narrativa oferece-nos os inícios deste peregrinar que é a vida toda de Maria, em diferentes circunstâncias. Com José, seu esposo, eles seguiam caminho para registrar-se em Belém, cidade de Davi, quando “completaram-se os dias para o parto”. À procura de um lugar onde Jesus possa nascer, o único que lhes é oferecido é um presépio, no meio dos animais. Jesus nasce, assim, num espaço simples, fora da cidade, onde já não havia mais espaço, que reflete sua vida ao lado dos pobres, os excluídos, os que estão fora do sistema sociocultural e religioso.
Bonito peregrinar inicia Maria, que será permanente durante toda sua vida. Acompanha seu filho nos diferentes momentos de sua proclamação do Reino no meio de nós. Fica aos pés da Cruz, onde Jesus sofre a condenação dos que eram incomodados pelas suas palavras e ações.
Nas origens deste caminhar, Maria “parte para a região montanhosa, dirigindo-se às pressas a uma cidade da Judeia” ao encontro de sua prima Isabel. Ela sai para cumprimentar e estar ao lado desta querida mulher, já anciã que também está grávida. Percorre um caminho pelas montanhas, por lugares inóspitos e até perigosos, mas o Dom recebido deve ser compartilhado, não é para ficar escondido na sua casa de Nazaré, sua alegria deve ser comunicada e partilhada num espírito de serviço e amor. No trajeto deve ter mergulhado e louvado Deus pelo Mistério da sua presença muitas vezes incompreensível ao nosso entendimento, mas que na sua disponibilidade impregnou-a de júbilo. E assim Maria compreende a grandeza do Senhor, que serão suas primeiras palavras no encontro com sua prima Isabel.
Como disse o Papa Francisco na Vigília em Cracóvia no ano passado: “Segundo o Evangelho de Lucas, Maria, depois de ter acolhido o anúncio do anjo respondendo «sim» à vocação de Se tornar mãe do Salvador, levanta-Se e vai, apressadamente, visitar a prima Isabel, que está no sexto mês de gravidez (cf. 1, 36.39). Maria é muito jovem; aquilo que Lhe foi anunciado é um dom imenso, mas inclui também desafios muito grandes; o Senhor garantiu-Lhe a sua presença e o seu apoio, mas há ainda muitas coisas obscuras na sua mente e no seu coração. No entanto, Maria não Se fecha em casa, não Se deixa paralisar pelo medo ou o orgulho. Maria não é daquelas pessoas que, para estar bem, precisam dum bom sofá onde ficar cômodas e seguras. Não é uma jovem-sofá! (cf. Discurso na Vigília, Cracóvia, 30/VII/2016). Vendo que servia uma mão à sua prima idosa, Ela não perde tempo e põe-Se imediatamente a caminho”.
Na sua saudação ela comunica a alegria da Vida que leva no seu interior. Elas se conhecem, mas neste momento há uma realidade diferente! Ficam unidas pela vida que as habita. Descobrem uma na outra um mistério que as enche de alegria.
Proclama a grandeza do Senhor sua alegria em “Deus seu salvador porque olhou para a humilhação de sua serva”. Manifesta também “sua misericórdia que chega aos que o temem de geração em geração”. No seu hino apreciamos uma profunda compreensão do atuar de Deus em favor de seu povo conforme sua promessa” desde “Abraão para sempre”. Suas palavras são uma síntese de um delicado reconhecer a presença de amor e misericórdia de Deus em favor de seu povo escolhido apesar das suas infidelidades, dificuldades, e momentos em que parecia que os tinha abandonado.
Hoje somos convidados a descobrir na vida pessoal e das comunidades a presença de um Deus misericordioso que nos conduz por verdes caminhos e nunca nos abandona.
Peçamos a Maria que, de uma forma especial, nos ajude pessoal e comunitariamente a abrir nossos olhos para proclamar junto com ela a grandeza de Deus que continua fazendo maravilhas na nossa vida e na nossa história.
Rezemos junto a ela o Magnificat
«Minha alma proclama a grandeza do Senhor,
meu espírito se alegra em Deus, meu salvador,
porque olhou para a humilhação de sua serva.
Doravante todas as gerações me felicitarão,
porque o Todo-poderoso
realizou grandes obras em meu favor:
seu nome é santo,
e sua misericórdia chega aos que o temem,
de geração em geração.
Ele realiza proezas com seu braço:
dispersa os soberbos de coração,
derruba do trono os poderosos e eleva os humildes;
aos famintos enche de bens,
e despede os ricos de mãos vazias.
Socorre Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia,
conforme prometera aos nossos pais,
em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre.»
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