16 Mai 2016
Santíssima Trindade de Andrei Rublev |
"Ainda tenho muitas coisas para dizer, mas agora vocês não seriam capazes de suportar. Quando vier o Espírito da Verdade, ele encaminhará vocês para toda a verdade, porque o Espírito não falará em seu próprio nome, mas dirá o que escutou e anunciará para vocês as coisas que vão acontecer. O Espírito da Verdade manifestará a minha glória, porque ele vai receber daquilo que é meu, e o interpretará para vocês. Tudo o que pertence ao Pai, é meu também. Por isso é que eu disse: o Espírito vai receber daquilo que é meu, e o interpretará para vocês."
(Correspondente à Festa da SS. Trindade, ciclo C do Ano litúrgico).
Neste domingo, celebramos a Festa da Santíssima Trindade. Para meditar a Liturgia, oferecemos uma passagem do capítulo 16 do Evangelho de João.
No momento que estas palavras são pronunciadas, estão na Ceia de despedida, e Jesus sabe que entre seus discípulos haverá dúvidas, discussões, incertezas.
Os contextos vão mudar no decorrer dos anos e por isso Jesus convida-os a confiar no Espírito Santo que os conduzirá seguindo seu caminho.
Os discípulos e discípulas não devem ficar apegados somente às palavras que escutaram de Jesus. Ao contrário, convida-os a estar sempre abertos à novidade que traz o Espírito.
Se olharmos com atenção as diferentes funções que Jesus adjudica ao Espírito, percebemos várias. Ele “nos encaminhará para toda a verdade”, “dirá o que escutou” e “anunciará as coisas que vão acontecer”.
Também o Espírito da Verdade “manifestará” a glória de Jesus e, como ele disse, “o interpretará para vocês”.
O Espírito é o intérprete que comunica o Amor Misericordioso de Deus a cada um e cada uma.
Sua presença gera entre nós uma nova relação. Somos convidados a “relacionar-nos de maneira nova com os outros: já não como órfãos, mas como filhos do mesmo Pai bom e misericordioso. Através do Irmão universal que é Jesus, podemos relacionar-nos de maneira nova com os outros”, como disse o Papa Francisco na missa de Pentecostes.
“E isto muda tudo! Podemos olhar-nos como irmãos, e as nossas diferenças fazem apenas com que se multipliquem a alegria e a maravilha de pertencermos a esta única paternidade e fraternidade”.
“Filho de Deus! Que bela carteira de identidade! Estado civil: livre!”
Nas palavras de Jesus, que hoje a comunidade de João nos anuncia, o Espírito Santo é quem garante esta vida e missão.
Aquele que tornou possível a encarnação do Filho de Deus no seio da jovem Maria de Nazaré continua tornando possível que o projeto de Deus continue visibilizando-se em nossa história através da disponibilidade de homens e mulheres, jovens, idosos e até crianças!
A festa da Santíssima Trindade nos exorta a sermos colaboradores na gestação, defesa e cuidado da Vida de nosso planeta, para que as palavras de Jesus se façam realidade: "Que todos tenham vida e vida em abundância".
Como disse José Antonio Pagola: "O mistério do Pai é amor cativante e perdão contínuo. Ninguém está excluído do Seu amor, a ninguém se lhe nega o Seu perdão. O Pai ama-nos e procura-nos a cada um dos Seus filhos e filhas por caminhos que só Ele conhece. Olha para todos os seres humanos com ternura infinita e profunda compaixão.
Não podemos ficar indiferentes diante do sofrimento dos refugiados e refugiadas, milhares de pessoas que cada dia morrem de fome, de tantas injustiças que há ao nosso redor.
Sempre é possível contribuir com nosso pequeno grão de areia, dessa forma celebramos esta Festa da Humanidade, de todos nós, filhos e filhas de Deus!
Fonte: http://www.periodistadigital.com/religion/ |
Os pobres - sinal de contradição
Convidamo-los a nossos comércios,
expulsamo-los de nossas mesas.
Fechamo-los com cercas em nossas fábricas,
afastamo-los com cães de nossas casas.
Seduzimo-los com o sorriso da publicidade,
fechamos o rosto quando se aproximam
Recebemo-los quando são trabalho e moeda,
esquivamo-nos deles quando são justiça e encontro.
Arrasamos em minutos um bairro vivo,
estudamos a colocação de uma estátua morta.
Congregamo-los com promessas quando dão um voto,
dispersamo-los com balas quando exigem um direito.
Contratamo-los quando são força jovem,
varremo-los quando são bagaços espremidos.
Admiramo-los quando levantam nossas mansões,
separamo-los com as mesmas paredes que construíram.
Damos-lhes esmolas quando são pequenos e fracos,
encarceramo-los com suspeitas quando são dignos e fortes
Exaltamos em livros e sermões sua bem-aventurança,
sua proximidade não mede o sentido de nossa vida.
Jesus, Acolhemos-te quando és bondade e perdão,
excluímos-te quando és denúncia e justiça
Como todo pobre de nossos caminhos
és um sinal de contradição.
Referências
LEON DUFOUR, Xavier. Leitura do evangelho segundo João IV. São Paulo: Loyola, 1998.
GONZALES BUELTA, Benjamín. Salmos para sentir e saborear as coisas internamente. Disponível em http://migre.me/eEh41
KONINGS, Johan. Espírito e mensagem da liturgia dominical. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia, 1981.
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DOMINGO DA SS. TRINDADE - Evangelho de João 16, 12-15 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU