18 Dezembro 2018
As Igrejas católica e protestante da Alemanha exigiram hoje, 17 de dezembro, que o Governo alemão suspenda a longo prazo as exportações de armas para a coalizão que apoia o exército oficial no conflito iemenita, liderada pela Arábia Saudita.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 17-12-2018. A tradução é de André Langer.
Durante a apresentação em Berlim do seu relatório anual, o presidente católico da Conferência Conjunta Igreja e Desenvolvimento (GKKE), Karl Jüsten, disse que, com a venda de armas à coalizão liderada por Riad, o Governo alemão contribui para a catástrofe humanitária no Iêmen e apoia a violação do direito internacional.
“Numa época em que a cooperação internacional regulada está em crise, estas violações ganham uma gravidade adicional”, disse Jüsten, acrescentando que uma suspensão temporária das exportações não é suficiente, como a que se seguiu ao assassinato do jornalista dissidente saudita Jamal Khashoggi, ocorrido no dia 02 de outubro passado no consulado de seu país em Istambul.
O presidente protestante da GKKE, Martin Dutzmann, criticou a fábrica de armas alemã Rheinmetall e a acusou de ser parcialmente responsável pela destruição no Iêmen e pela morte de muitas pessoas naquele país.
Ao transferir sua produção para o exterior, a paralisação das exportações na Alemanha não afeta a Rheinmetall, que continua a vender munição para a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos através de suas filiais na Itália e na África do Sul, denunciou.
“A GKKE condena veementemente esta política empresarial da Rheinmetall e exige que o consórcio não faça negócios com os países da coalizão bélica liderada pela Arábia Saudita”, disse.
O presidente do grupo de peritos da GKKE, Max Mutschler, por sua vez, destacou que em 2017 61% das exportações de armas foram realizadas para países terceiros, isto é, para países que não pertencem nem à União Europeia, nem à OTAN; no primeiro semestre de 2018, representaram 60%.
Ele recordou que entre os estados receptores de armas alemãs estão principalmente os chamados países terceiros que se encontram em áreas de tensão ou que têm uma situação problemática no campo dos direitos humanos.
De acordo com o Centro Internacional de Bonn para a Conversão (BICC), a Alemanha aprovou em 2017 a exportação de armas para 52 países com uma situação em matéria de direitos humanos classificada como “muito ruim”; em 27 países havia conflitos internos e em 20, a paz e a segurança na região estão ameaçadas, disse.
“Estes números contradizem a afirmação do governo de que pratica uma política restritiva de exportação de armas. Pelo contrário, mostram que a Alemanha precisa imperiosamente de uma lei restritiva de controle de exportação de armas, inclusive para estabelecer uma clara limitação às exportações para países terceiros”, indicou.
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Alemanha. Igrejas exigem que Merkel suspenda a venda de armas para a Arábia Saudita - Instituto Humanitas Unisinos - IHU