12 Outubro 2018
O livro de Paolo Trianni, professor de teologia espiritual na Universidade Urbaniana e no Pontifício Ateneu Santo Anselmo – intitulado Teilhard de Chardin. Una rivoluzione teologica –, evidencia de modo original o impacto revolucionário do pensamento de Teilhard com uma exposição ordenada do seu pensamento e dos seus escritos, subdivididos com base nos âmbitos da teologia sistemática.
A reportagem é de Federica Mattei, publicada em Settimana News, 08-10-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Se se tivesse que apresentar brevemente Teilhard de Chardin, se poderia dizer que ele é o homem da síntese total: nele, o cósmico e o crístico cresceram paralelamente até coincidir em Cristo, centro único de convergência universal.
Mas o seu pensamento, em que a ciência, a filosofia e a religião convergem, sem se confundir, nas vizinhanças do Todo, ou também em que, como escreve o autor, o múltiplo se faz unidade, é difícil de entender e, mais ainda, difícil de julgar.
Por várias razões: pelo uso frequente de neologismos (por exemplo, complexificação-consciência, noosfera, planetarização); pela ressignificação de alguns termos (por exemplo, ortogênese); pelo monitum, que condenou e censurou as suas obras e, indiretamente, limitou a sua crítica, sistematização e correção; mas, acima de tudo, pela grande produção de notas, cartas e ensaios.
Nesses escritos ocasionais, que parecem um imenso canteiro de obras, Teilhard retoma frequentemente os mesmos temas, mas os amplia e os enriquece de acordo com um pensamento gradualmente mais maduro e, portanto, com uma lógica cada vez mais coerente.
Para compreendê-lo, é preciso, então, aceitar a sua mentalidade sintética e o seu pensamento inseguro, às vezes incompleto, e enfrentar a leitura dos escritos com simpatia. Essa confiança é o sentimento de fundo que permeia o trabalho do autor.
O livro está dividido em duas partes, com capítulos breves e homogêneos. A primeira parte é uma convincente biografia da “história humana desse cientista e sacerdote católico, não desprovida de aventuras, reviravoltas, sucessos, mas também dolorosas frustrações”, narrada com tons participativos e quase romantizados.
O autor fala sobre a família de Teilhard, as experiências como socorrista, na qual ele amadureceu a consciência de que existe “um nexo ineliminável que liga o mal e o progresso”, o afastamento do ensino e o exílio, um período de turbulência e sofrimento íntimo, durante o qual Teilhard amadureceu três convicções: “O valor único do ser humano no topo da vida; a posição axial do catolicismo nas atividades humanas convergentes; o cumprimento da criação assumida pelo Cristo ressuscitado”. Além disso, o autor relata as amizades de Teilhard, o contraste com as autoridades e a expectativa da morte.
São de particular originalidade e valor inter-religioso as páginas que examinam a reflexão do filósofo jesuíta sobre as relações, também de aperfeiçoamento recíproco, entre as crenças indo-budistas e o cristianismo.
A segunda parte está subdividida em capítulos em relação aos diversos âmbitos da teologia (cosmologia, escatologia, cristologia, soteriologia etc.). Nela, as múltiplas citações dos escritos de Teilhard são reorganizadas em torno da categoria da evolução, como lugar de encontro entre a ciência e a fé.
Querendo recapitular algumas revisitações teológicas do pensamento de Teilhard de acordo com a hermenêutica de Trianni, pode-se afirmar que “a antropologia teológica [de Teilhard] inspirou as correntes do personalismo; [...] a sua eclesiologia promove a mulher e o papel dos leigos; a sua teologia fundamental recoloca a posição da Igreja em relação ao desenvolvimento das ciências; [...] a sua escatologia desenha uma cidade de Deus que é a transfiguração da terrena, não uma negação dela”.
Um modo novo, portanto, de conceber a fé como dimensão concreta e adesão fundamental a um credo que abre a humanidade a uma possibilidade de verdadeira perfeição, com o exercício de ações corretas e a prática das verdades cristãs, não para um “retribuição” no além, mas para a divinização do aquém, porque o ambiente divino não é um sonho, mas sim uma realidade a ser projetada, realizada e vivida aqui e agora.
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Teilhard, uma revolução teológica - Instituto Humanitas Unisinos - IHU