13 Dezembro 2017
O Papa respondeu aos dubia sobre a correta interpretação de Amoris laetitia e agora "a discussão está encerrada", declarou o cardeal Walter Kasper, teólogo bastante estimado por Francisco. Na semana passada, foi oficializada a inclusão nos Acta Apostolicae Sedis (Diário Oficial da Santa Sé) da carta que, em setembro de 2016, o Papa havia enviado aos bispos argentinos, que anteriormente tinham colocado por escrito uma interpretação de uso interno da controversa exortação pós sinodal, em especial em relação ao item que aborda à reaproximação dos divorciados recasados com a eucaristia.
Uma carta na qual o Papa ressaltava que "o texto é muito bom e explica de forma exaustiva o capítulo oitavo de Amoris laetitia".
A informação é de Matteo Mateuzzi, publicada por Il Foglio, 12-12-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.
Bergoglio acrescentava que "não são possíveis outras interpretações". Contudo aquela "decisão" permanecia restrita a uma carta enviada à Conferência Episcopal, fato que não tinha interrompido a profusão de interpretações sobre a exortação promulgada após o biênio do sínodo sobre a família.
Há poucos dias, o secretário de Estado, Pietro Parolin, confirmou que a carta foi publicada nos Acta por vontade direta do Papa, que quis elevá-la a "magistério autêntico". Traduzido o gesto: não vai ser possível diminuir sua magnitude, reduzindo os elogios a mensagem privada enviada a amigos de velha data. E foi justamente Kasper, na Rádio Vaticano, que declarou que não há mais nenhuma razão para duvidar, para questionar o Papa sobre o assunto, porque agora tudo está claro. Isso significa que, "quando as circunstâncias concretas de um casal (de divorciados recasados) o tornam possível, especialmente quando ambos são cristãos com uma longa caminhada de fé, pode ser proposto o compromisso de viver em continência".
Amoris laetitia, porém, "não ignora as dificuldades dessa opção e deixa aberta a possibilidade de ter acesso ao sacramento da reconciliação quando houver falha a respeito". Contudo, é possível - está escrito na interpretação dos bispos argentinos - que essa opção não seja 'viável'. Mesmo nesse caso, é possível realizar "um caminho de discernimento" e "acabar por reconhecer que, em um determinado caso concreto, existem limitações que atenuam a responsabilidade e a culpa, especialmente quando uma pessoa considera que cairia novamente em falta causando danos aos filhos da nova união, Amoris laetitia abre a possibilidade de acesso aos sacramentos da reconciliação e da eucaristia".
Contudo, apesar de tudo isso, totalmente claro não deve ser, se for verdade que os bispos poloneses - entre os mais relutantes em assumir as conclusões do Sínodo - reafirmaram, através das palavras de seu presidente, Mons. Stanislaw Gadecki, que a questão relativa ao acompanhamento dos casais divorciados "requer maiores esclarecimentos, visto que nós não queremos enganar ninguém apresentando esse problema em termos gerais que na realidade não significam nada".