21 Setembro 2017
“O mais fabuloso no Brasil dos últimos tempos é a previsibilidade do espetáculo. O brasileiro suprimiu do seu roteiro o suspense. Espanta-se cada vez menos. O Supremo Tribunal Federal decidiu enviar à Câmara a segunda denúncia da Procuradoria contra o presidente da República. Nela, Michel Temer é acusado de formar uma organização criminosa e obstruir a Justiça. E a vida cotidiana do país seguirá o seu curso normal. A nação acordará para o seu café-com-leite no horário de sempre. Todos já conhecem o final da novela” – Josias de Souza, jornalista – Portal Uol, 20-09-2017.
No momento, a grande angústia dos roteiristas do Planalto não são as implicações políticas da nova denúncia, mas a cronometragem das cenas. Trabalha-se para um desfecho rápido. Exige-se dos aliados que permaneçam em suas marcas no teatro da Câmara. Ninguém pode perder a sua deixa. A orquestra tem que atacar no tempo certo para que Temer obtenha o final feliz de mais um enterro. Consta do roteiro que a denúncia já estava jurada de morte antes de nascer” – Josias de Souza, jornalista – Portal Uol, 20-09-2017.
“Considerando-se que não há mais culpados em Brasília, só inocentes e cúmplices, o ideal seria abreviar a peça. O custo da denúncia anti-Temer não vale o teatro. O príncipe ‘demo’ Rodrigo, que no espetáculo faz o papel de Maia, um atalho fiel que hesita em se oferecer à República como alternativa, pediria a atenção do público. E ordenaria, sem mais delongas: “Que desça o caixão” – Josias de Souza, jornalista – Portal Uol, 20-09-2017.
O general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, informou que não cogita punir o também general Antonio Hamilton Mourão por ter defendido uma “intervenção militar” caso o Judiciário não resolva o problema da corrupção. Elogiou o subordinado: “Mourão é um grande soldado, uma figura fantástica, um gauchão...”. Tentou virar a página: “É uma questão que já consideramos resolvida internamente” – Josias de Souza, jornalista – Portal Uol, 20-09-2017.
“Mas inaugurou um novo capítulo da polêmica ao declarar que a Constituição concede às Forças Armadas “um mandato” para intervir se houver no país “a iminência de um caos” – Josias de Souza, jornalista – Portal Uol, 20-09-2017.
“Não está escrito (na Constituição) que o caos concede aos militares “um mandato” para agir à revelia do presidente. Mesmo que o inquilino do Planalto se chame Michel Temer e tenha sido denunciado um par de vezes pela Procuradoria-Geral da República” – Josias de Souza, jornalista – Portal Uol, 20-09-2017.
“De fato, o general Mourão pregou a intervenção militar numa palestra promovida pela maçonaria, em Brasília. Mas não está previsto em nenhuma norma do Exército que, entre quatro paredes, os oficiais podem transgredir as normas. De resto, a transgressão do subordinado da Villas Bôas tornou-se aberta, muito aberta, abertíssima no instante em que foi veiculada na rede mundial de computadores” – Josias de Souza, jornalista – Portal Uol, 20-09-2017.
"Pela voz e pela posição do general, que as fortaleceu com o aviso de que tem a concordância do Alto Comando do Exército, estamos informados de que o país recuou 53 anos em sua lerda e retardada história. De volta aos antecedentes de tutela armada vividos, com as ameaças, os medos e os perigos cegos do pré-golpe de 1964" - Janio de Freitas, jornalista - Folha de S. Paulo, 21-09-2017.
"A frase sísmica do general Mourão não cabe em suas palavras: "Quando nós olhamos com temor e com tristeza os fatos que estão nos cercando, a gente diz: 'Pô, por que que não vamos derrubar esse troço todo?'" É o mais puro espírito do golpismo: "Por que que não vamo derrubar tudo", se temo as armas e não temos ideia do que significa tal decisão? Essas foram as premissas de todos os golpes militares, fantasiadas ou não" - Janio de Freitas, jornalista - Folha de S. Paulo, 21-09-2017.
"Tudo isso, para o general Villas Bôas, "é uma questão que já consideramos resolvida internamente". Mas não externamente, neste país de mais de 200 milhões que circundam o Exército. Nem quanto ao conceito do próprio general Raul Jungmann, ministro da Defesa, emitiu nota, sobre exame de "medidas cabíveis" ao general Mourão, mas demonstra que, ministro da Defesa, não defende nem a si mesmo, lançado em escanteio silencioso. Mas tradição é tradição"- Janio de Freitas, jornalista - Folha de S. Paulo, 21-09-2017.
"Quando o fato é chapado, quando o fato é mala voando, são R$ 51 milhões dentro de apartamento, gente carregando mala de dinheiro na rua de São Paulo, gravação dizendo 'tem que manter isso, viu?', há uma dificuldade natural para elaborar defesa técnica nesses questionamentos jurídicos. E uma das estratégias de defesa é tentar desconstruir a figura do acusador" – Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República – Correio Braziliense, 20-09-2017.
"Não estou criminalizando a política, estou criminalizando bandido" – Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República – Correio Braziliense, 20-09-2017.
“Um dos primeiros atos de Joseph Goebbels como ministro de Propaganda de Hitler foi organizar um Salão de Arte Decadente, para a Alemanha saber do que a nova ordem a estava livrando. O Salão, que reuniu os principais artistas alemães da época, foi um sucesso de público e, ao mesmo tempo, a última manifestação de qualquer tipo de liberdade criativa na Alemanha antes de mergulhar nas trevas do nazismo. O neonazismo brasileiro não é nem original” – Luís Fernando Verissimo, escritor – O Estado de S. Paulo, 21-09-2017.
"Se um dia eu chegar a ser presidente, vai ser uma desgraça, vai acabar a minha vida. Vai ser uma desgraça" – Jair Bolsonaro, deputado federal – PSC-RJ – O Estado de S. Paulo, 21-09-2017.
"Honesto - que é um palavrão nesta casa [Câmara dos Deputados]; cristão - é outro palavrão; e patriota - é outro palavrão, virou coisa para careta, otário" – Jair Bolsonaro, deputado federal – PSC-RJ, explicando a declaração acima dizendo que tipo de presidente pretende ser – O Estado de S. Paulo, 21-09-2017.
“Os ministros do Supremo deixaram um recado: não estão dispostos a sacrificar suas biografias para ajudar Temer. Com uma solitária exceção” – Bernardo Mello Franco, jornalista – Folha de S. Paulo, 21-09-2017.
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