07 Agosto 2017
O jovem jesuíta Richie Fernando, de origem filipina, morto em 1996 no Camboja, poderia ser um dos primeiros “bem-aventurados”, de acordo com as novas normas emitidas pelo Papa Francisco no dia 11 de julho passado, com o motu proprio Maiorem hac dilectionem, sobre a “oferta da vida”'.
A reportagem é de Antonio Dall’Osto, publicada por Settimana News, 05-08-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
“A oferta da vida – escreve o papa – é um novo caso no processo de beatificação e canonização, que se diferencia do caso sobre o martírio e sobre a heroicidade das virtudes.”
Fernando morreu aos 26 anos de idade, enquanto se encontrava, na qualidade de estudante, no Camboja, para completar a sua formação. Estava envolvido ao lado da Conferência da Ásia e do Pacífico dos jesuítas, em uma escola para jovens fisicamente deficientes.
No dia 13 de outubro de 1996, tinha iniciado uma discussão com um aluno que havia sido expulso. Era um rapaz de 16 anos que, para se vingar, invadiu uma sala de aula repleta de alunos com uma granada. Fernando jogou-se em cima dele para servir de proteção e, na explosão, foi morto.
Agora, a província filipina dos jesuítas iniciou o processo de beatificação pela “oferta da vida”. O anúncio foi feito pelo superior, Antonio Moreno, no dia 31 de julho passado, festa de Santo Inácio de Loyola, fundador dos jesuítas. Quem também aderiu à iniciativa foi o superior-geral da Companhia, Arturo Sosa.
De acordo com o Pe. Moreno, o jovem Fernando é um exemplo de oferta da vida, com um valor que vai além das Filipinas e do Camboja. Do jovem Fernando, são citadas as palavras que ele escreveu em uma carta a um amigo, poucos dias antes da sua morte, em que dizia: “Eu sei a quem pertence o meu coração. Pertence a Jesus, que se doou totalmente aos pobres, aos doentes e aos órfãos”.
O processo de beatificação, depois do motu proprio do Papa Francisco, é considerado agora uma opção totalmente plausível, porque parece responder plenamente aos critérios exigidos, que são:
Para iniciar o processo, afirmou o Pe. Moreno, é necessário agora reunir uma ampla biografia que contenha “os fatos, as declarações orais, as opiniões e as provas daqueles que o conheceram, as cartas e os escritos, as conferências etc.”.
Para esse objetivo, a Companhia de Jesus pretende atuar junto com o bispo da capital cambojana, Phnom Penh, em cuja diocese ocorreu a morte, e com o bispo do local de nascimento de Fernando nas Filipinas.
As Filipinas, junto com o Timor-Leste, são o único país da Ásia de maioria católica. Cerca de 82% dos 100 milhões de habitantes se professam católicos. O cristianismo no arquipélago penetrou profundamente na sociedade durante os 333 anos de colonização espanhola.
Hoje, atuam no país 131 bispos e mais de 9.200 sacerdotes. E há cerca de 3.300 comunidades. A Igreja filipina está fortemente empenhada no campo da formação e na pastoral dos pobres.
Um papel importante na vida eclesial é representado pelas comunidades de base. Apesar de uma constituição secular, a Igreja exerce uma forte influência na vida política, embora esteja perdendo espaço no campo da política familiar e da moral sexual.
Apesar de tanto tão elevado número de católicos, a Igreja tem até agora apenas dois santos de origem local: Laurentius Ruiz e Pedro Calungsod, ambos do século XVII. Richie Fernando poderia ser agora o terceiro filipino a subir aos altares, alguém, além disso, do século XX.
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Richie Fernando. Jovem jesuíta filipino, rumo aos altares? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU