29 Novembro 2016
O indígena Tupinambá Luiz Viana Lima (na foto), 54 anos, conhecido como “Luizão Tupinambá”, foi assassinado na manhã do sábado, 26 de novembro, no sul da Bahia, com ao menos sete tiros. O crime ocorreu por volta das 10 horas na rodovia que liga os municípios de Buerarema e Una, nas proximidades da Vila Operária, mais conhecida como Sururu, distrito do município de Buerarema.
Fonte: CPT.
A reportagem é publicada por Haroldo Heleno do Cimi Regional Leste, 28-11-2016.
O indígena deixa viúva e dois filhos. Segundo as primeiras informações de testemunhas, três indivíduos efetuaram os disparos em emboscada. O indígena voltava para casa na Aldeia Serra do Padeiro, conduzindo a própria moto. Um tiro o atingiu pelas costas e outros no peito e na cabeça.
Após o comunicado do assassinato, policiais do destacamento de Buerarema começaram diligências atrás dos assassinos. Chegou a circular informações que um dos assassinos tinha sido detido, mas não foi confirmado, bem como o aparecimento de uma moto usada por ele, o que também não foi confirmado.
O sepultamento ocorreu neste domingo, 27, no cemitério da Aldeia Serra do Padeiro, por volta das 16 horas. Um clima de comoção e indignação tomou conta dos presentes, posto que este é o primeiro indígena da Serra do Padeiro a ser assassinado. As lideranças e a Fundação Nacional do Índio (Funai) solicitaram que a Polícia Federal investigue o fato.
O assassinato de Luizão ocorreu um dia após o lançamento do Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas – dados de 2015, publicado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), durante evento que se realizava na Serra do Padeiro com Pesquisadores e Entidades de apoio. O mesmo relatório tinha sido lançado dois dias antes na Universidade Estadual de Santa Cruz em conjunto com o Caderno de Conflitos de Campo, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), e do livro “Antes a carga fosse mais Leve”, do Movimento de Atingidos por Minérios. O assassinato de Luizão infelizmente vem confirmar o conteúdo das referidas publicações.
O presidente do Cimi, Dom Roque Paloschi, afirma na apresentação do Relatório de Violência do Cimi que o sentimento é de “indignação porque se repetem e se aprofundam as mesmas práticas criminosas, sem que medidas tenham sido efetivamente adotadas. Permanece o quadro de omissão dos poderes públicos, que se negam a respeitar e cumprir a Constituição Federal no que tange à demarcação, proteção e fiscalização das terras; permanece a realidade de agressões às pessoas que lutam por seus legítimos direitos, tais como assassinatos, espancamentos, ameaças de morte; agravam-se os ataques contra comunidades, especialmente aquelas mais fragilizadas e que vivem em acampamentos; permanece a invasão e devastação das terras demarcadas”.
“Até quando teremos que apresentar esses relatórios? No entender do Cimi, esses levantamentos das violações aos direitos indígenas têm um único sentido: servir como instrumento de denúncia para que medidas sejam tomadas e, com isso, as violências, que são práticas contínuas, venham a ser combatidas, diminuídas, e que se consiga chegar a uma realidade justa, na qual sejam respeitados os direitos humanos”, arremata Dom Roque.
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Tupinambá da Aldeia Serra do Padeiro é assassinado no sul da Bahia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU