26 Outubro 2016
Parece que realmente estamos nos quartos do papa. E, por isso, é preciso dar os parabéns a The young pope pela minuciosa precisão com a qual, no computador, foram reproduzidos de modo realmente surpreendente o Apartamento das audiências pontifícias e os outros ambientes do Vaticano.
A reportagem é de Francesco Antonio Grana, publicada no sítio Faro di Roma, 23-10-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Um elogio, se possível, ainda mais precioso porque quem projetou a cenografia da série do diretor napolitano Paolo Sorrentino nunca deve ter pisado naquelas sagradas salas, reservadas principalmente aos adeptos aos trabalhos, incluindo os colaboradores do papa, os cardeais, os bispos, os vaticanistas, mas também os chefes de Estado e de governo de todo o mundo.
Um lugar inacessível para a maioria das pessoas, o do Apartamento das audiências pontifícias na segunda loggia do Palácio Apostólico vaticano, que, até recentemente, tinha sido revelado ao grande público apenas através de filmagens e fotos oficiais das mídias da Santa Sé, que documentavam os encontros dos papas com os grandes da terra e com personagens de considerável interesse midiático.
A The young pope certamente vai o mérito de oferecer aos telespectadores da série a possibilidade de uma espécie de tour virtual nas salas onde, cotidianamente, o bispo de Roma recebe e realiza o seu ministério. Uma reprodução fidelíssima que causa espanto e que desperta, naqueles que estão acostumados a cruzar esses limiares sagrados, uma profunda admiração pelo trabalho da equipe de Sorrentino.
Um dos lugares realmente mais inacessíveis, como a biblioteca privada do papa, revive na grande tela de modo impressionante enquanto um enigmático Pio XIII, o ator Jude Law, se move em cena. Tudo está perfeitamente no seu lugar. Até mesmo as obras de arte que decoram a sala: da Resurrezione di San Francesco al Prato, obra de Pietro Perugino, ao Crocifisso, de Giotto, passando pela Madonna e Figlio in trono, de Antoniazzo Romano.
Há um detalhe, aparentemente pequeno, mas muito funcional na narrativa de Sorrentino, que atraiu muito os espectadores nos dois primeiros episódios da série. Trata-se de um botão, posicionado, na ficção, embaixo da escrivaninha do papa, que ativa uma sineta para chamar uma freira de plantão quando o pontífice quer interromper uma conversa desagradável.
No segundo episódio de The young pope, muitas sequências são dedicadas a esse detalhe, e Pio XIII o ativa mesmo a despeito daquele que lhe revelou esse pequeno e útil segredo, ou seja, o seu secretário de Estado, o cardeal Voiello, que, como cúmplice do papa, depois de ter desejado a sua eleição ao pontificado, vê-se, de repente, como vítima dele.
O pontífice pressiona o botão e logo chega na biblioteca privada uma freira que interrompe a conversa, porque, para o ilustre inquilino, é "a hora do lanche". Na realidade, esse botão realmente existe em cima, e não embaixo da escrivaninha do papa na sua biblioteca privada. Portanto, ele não está escondido da vista do interlocutor do momento. Mas ele não tem um significado negativo como na série de Sorrentino. Ele serve simplesmente para que o pontífice chame o seu mordomo, ao término da conversa privada com o hóspede de plantão.
Assim que o papa toca a sineta, um dos seus colaboradores reabre as portas da biblioteca privada para a apresentação da comitiva do ilustre interlocutor. Depois, ocorre a troca dos presentes. Logo depois, as fotos rituais. Por fim, o pontífice se despede do seu interlocutor. Mas não por ele ser desagradável, necessariamente.
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O botão secreto na escrivaninha papal - Instituto Humanitas Unisinos - IHU