Francisco sinaliza abertura a anticoncepcionais em casos mortais de zika

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19 Fevereiro 2016

O Papa Francisco sinalizou uma abertura para o uso de métodos contraceptivos pelos católicos, indicando que tentar evitar a gravidez diante de circunstâncias como a difusão do vírus mortal da zika pode nem sempre ser considerado um mal.

Em coletiva de imprensa a bordo do voo que o trouxe do México a Roma, perguntaram ao pontífice se a natureza grave do vírus – que está associada a graves defeitos de nascimento e que tem se espalhado rapidamente – poderia fazer do aborto um “mal menor” para uma mãe diante da escolha de ter um filho malformado.

A reportagem é de Joshua J. McElwee, publicada por National Catholic Reporter, 18-02-2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

Embora o papa tenha rejeitado com firmeza o emprego do aborto, segundo ele evitar a gravidez através do uso de métodos contraceptivos nem sempre é um mal, mencionando que o Papa Paulo VI permitiu a religiosas que passaram por situações violentas terríveis na África os usassem.

“O aborto não é um mal menor”, respondeu Francisco. “É um crime. É descartar um para salvar o outro. É aquilo que a máfia faz, eh? É um crime. É um mal absoluto”.

Porém continuou: “Paulo VI, o Grande, em uma situação difícil, na África, permitiu às religiosas usarem anticoncepcionais para os casos de violência”.

“Não confundir o mal de evitar a gravidez, sozinho, com o aborto”, disse Francisco. “O aborto não é um problema teológico: é um problema humano, é um problema médico. Mata-se uma pessoa para salvar uma outra”.

“É um mal em si mesmo”, continuou ele. “Mas não é um mal religioso, ao início: não, é um mal humano. Além disso, evidentemente, já que é um mal humano – como todos assassinatos – é condenado”.

“Evitar a gravidez não é um mal absoluto”, disse Francisco. “Em certos casos, como neste, como naquele que mencionei do Beato Paulo VI, era claro”.

Francisco estava falando na quarta-feira, 17-02-2016, em uma coletiva de imprensa a bordo do avião papal que o trazia do México, onde visitou seis cidades em seis dias. Durante a coletiva, ele também questionou o cristianismo do pré-candidato à presidência dos EUA Donald Trump e falou sobre o tratamento aos bispos que lidam de maneira inadequada em casos de abuso sexual clerical.

A resposta do papa sobre contraceptivos pode ser vista, por alguns, como uma abertura significativa dos níveis mais altos da Igreja, na medida em que Paulo VI proibiu o uso de contraceptivos artificiais em sua encíclica de 1968 Humanae Vitae. Embora a o ensino católico normalmente permite que mulheres usem o controle de natalidade por motivos de saúde, a intenção do uso não pode ser para evitar a procriação.

A posição católica sobre o tema tem sido criticada por muitos fiéis americanos. Os papas recentes muitas vezes foram indagados sobre por que não haveria exceção à proibição em situações difíceis, especialmente com o exemplo do uso de camisinhas para deter a proliferação da Aids.

O próprio Papa Francisco se viu diante dessa questão quando retornava para casa em sua viagem de novembro a três países africanos, mas objetou a dar uma reposta específica. Pelo contrário, disse que a pergunta lhe parecia “demasiado pequena” e que o havia lembrado de como as pessoas perguntavam a Jesus se era lícito curar no sábado.

Na ocasião, o papa falou: “Não gosto de descer a reflexões de casuística, quando as pessoas morrem por falta de água e à fome, por causa do habitat. (…) Eu diria de não pensar se é lícito ou não curar ao sábado. Eu diria à humanidade: praticai a justiça e, quando todos estiverem curados, quando não houver injustiça neste mundo, podemos falar do sábado”.

O zika é uma doença relacionada a uma picada de mosquito que vem se alastrando rapidamente nos últimos meses em toda a América Latina. Ela tem sido provisoriamente associada com a microcefalia, pequenez anormal da cabeça em recém-nascidos que, às vezes, causa um desenvolvimento cerebral incompleto.

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