11 Janeiro 2010
Centenas de imigrantes escapam da violência racista no sul da Itália. "Tiramos a sua fome, e eles nos pagam destruindo o nosso povo. Que vão embora!", diz um morador.
Rosarno, um vilarejo de 15 mil habitantes na Calábria [extremo sul da Itália], cuja prefeitura foi dissolvida no ano passado por infiltração mafiosa, continua vivendo em meio a uma tensão muito alta e ataques racistas isolados. Centenas de imigrantes abandonaram neste sábado o povoado nos ônibus proporcionados pela Defesa Civil, depois de 48 horas de revolta e distúrbios.
Aterrorizados e sem saber para onde vão, os trabalhadores temporários da maça contam que não podem suportar o racismo e o sofrimento. "Eles não nos deixam trabalhar e ainda por cima nos atacam e só querem nos matar", diz Steve Johnson (foto), um liberiano de 26 anos, enquanto prepara sua mochila e se dispõe a subir em um dos ônibus.
Steven Johnson, liberiano de 26 anos, chegou à Europa em julho de 2008. Menos de dois anos depois, diz que estava melhor na África. "Isso é muito sofrimento. É insuportável. Saí do meu país sendo uma criança em 1994. Havia uma guerra, e eu decidi ir para a Nigéria. Fiquei ali dois anos e depois fui embora para a Líbia. Passei mais dez anos ali. Sou cristão e ouvi que os italianos recebiam os refugiados políticos. Foi assim que eu vim aqui para salvar a minha vida. Cheguei em um barco em Lampedusa e me inscreveram durante seis meses em um centro de acolhida em Crotone (Calábria). Agora, eu sei que ninguém me protege. Vivo como uma ovelha: durmo onde posso e como o que posso. Vim para Rosarno buscar trabalho há cinco dias, mas os jovens da cidade me atacaram e me bateram. Agora é preciso ir embora, mas não tenho ninguém, não tenho dinheiro. Agora, sei que a Itália é um país racista e já não quero ficar aqui, mas não sei onde a minha família está".
(cfr. notícia do dia 11-01-10, desta página).
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Imigrantes na Itália: ""Em Rosarno, só querem nos matar"" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU