10 Setembro 2007
Um dos fenômenos descritos por Adorno link é o da mercantilização do lazer, juntamente com um tipo de demonização do tempo livre, do ócio. O lazer na sociedade de consumo não deve, por um lado, ter relação nenhuma direta com a atividade produtiva, pois ele deve servir de momento restaurador de forças ao trabalhador, para que ele encare mais tranqüilamente o seu tempo de trabalho. Ainda assim, tal lazer não pode estar totalmente desvinculado do processo econômico, de maneira que, se ele não faz parte da cadeia produtiva, deve encaixar-se na esfera do consumo. Dessa maneira, descansar ou divertir-se é uma atividade que vai cada vez mais se aliando ao ato de consumir. Basta atentarmos aos locais de lazer contemporâneos, como os shoppings centers, destino indiscutível de milhares de pessoas no seu tempo livre e que são, sabidamente, templos de consumo. Quer seja para comprar um item supérfluo ou desnecessário, quer seja para ir ao cinema, assistir ao último lançamento de sucesso efêmero e fugaz, as pessoas nunca deixam de pagar pelo seu entretenimento.
As tendências de lazer que surgem alheias a esse processo, como as atividades ao ar livre ou os esportes, são imediatamente captadas pela propaganda que transforma seus itens básicos em objetos de desejo e estampam suas marcas para incentivar o consumo, transformando a atividade do camping, para usar um exemplo de Adorno, na indústria do camping, que faz as pessoas crerem que todos os itens que oferecem, de sapatos especiais a talheres de plástico, são estritamente necessários. Assim, as pessoas se concentram mais nas coisas que têm do que na atividade que realizam ou na companhia da qual poderiam desfrutar.
(cfr. notícia do dia 10-09-07, desta página).
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A mercantilização do lazer - Instituto Humanitas Unisinos - IHU