Sete bilhões é muito ou pouco? Depende. Fisicamente, cabemos todos no perímetro da Grande São Paulo. Mas basta uma minoria de consumistas modernos -incluindo nós, leitores da Folha- para ameaçar o futuro da humanidade na Terra.
O comentário é de
George Martine, doutor em demografia e ecologia pela Universidade Brown, em artigo publicado no jornal
Folha de S. Paulo, 30-10-2011.
O crescimento demográfico importa, é óbvio! Mas os números absolutos em si dizem muito pouco, porque o tamanho da pegada ecológica varia enormemente entre sociedades e grupos sociais.
A população é diferenciada não somente por idade, sexo, tamanho, cor, residência e ocupação, mas também por níveis de renda e consumo.
Precisamos de uma demografia da sustentabilidade que trate de qualificar consumidores, e não de contar pessoas equivalentes ou intercambiáveis.
O que assusta mesmo é que o aumento de consumidores é muito mais rápido que o de pessoas. Movido pela cultura do consumo, o nosso modelo de desenvolvimento, eficaz e sedutor, incorpora milhões de novos consumidores anualmente.
Há décadas nossos valores são moldados cada vez mais pelas instituições que promovem essa cultura e esse modelo de desenvolvimento. Comprar coisas nos faz feliz e estimula a produção; pena que esse incremento do consumo implique a destruição de recursos e o acúmulo de dejetos, inclusive dos gases de estufa que trazem as mudanças climáticas.
Contempla-se alterar esse paradigma por meio da economia verde, dentro da qual seria reduzido o desperdício de recursos naturais e a produção de dejetos nocivos. Vai funcionar?
Na melhor das hipóteses, uma mudança radical e imediata nesse sentido poderia reduzir o perigo iminente, mas não se continuarmos definindo o consumo crescente como o caminho da felicidade.
Reduzir o crescimento populacional ajudaria? Pode ajudar, sem dúvida. Mas a solução fácil do "controlismo" engana, pois famílias menores tendem a consumir mais per capita.
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Consumismo é maior ameaça à sustentabilidade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU