A região onde fazem divisa os Estados de Amazonas, Rondônia e Acre se tornou um "faroeste brasileiro", onde grileiros e pistoleiros se aproveitam da ausência estatal para agir impunemente, segundo a
CPT (Comissão Pastoral da Terra).
A reportagem é de
Kátia Brasil e publicada pelo jornal
Folha de S. Paulo, 31-05-2011.
É nessa área que o governo federal promete intensificar operações de fiscalização e de regularização fundiária em resposta à morte de quatro lideranças agrárias na região Norte na última semana.
A situação é mais crítica no sul do município amazonense de
Lábrea (880 km de Manaus). Desde 2006, quatro líderes de assentamentos do
Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) foram assassinados no local. Três ainda não tiveram o autor identificado.
A localização geográfica dessa região da Amazônia, que fica próxima da fronteira brasileira com a Bolívia, também auxilia os criminosos a permanecer impunes.
Outros dez líderes comunitários da região estão ameaçadas de morte.
"O sul de Lábrea se tornou um faroeste brasileiro. [Se] você denuncia, você é morto", afirma
Marta Cunha, coordenadora da CPT, órgão ligado à Igreja Católica.
ESCOLTA
Mesmo o
Ibama só realiza operações de fiscalização no sul de Lábrea acompanhado de escolta policial.
O clima é de tensão também na sede do município. No ano passado, o órgão retirou duas analistas ambientais
da cidade por causa de ameaças de políticos, madeireiros e grileiros.
"Infelizmente vai ficar pior com o novo
Código Florestal [que depende de aprovação do Senado] porque quem degradou vai ser anistiado. Nos resta uma sensação de impunidade, de que este é um país sem lei", afirma
Mário Lúcio Reis, superintendente do Ibama do Amazonas.
A reportagem da Folha procurou o governo do Amazonas para falar sobre a situação do sul de
Lábrea, mas ninguém ligou de volta.
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Região é o "faroeste brasileiro", diz pastoral - Instituto Humanitas Unisinos - IHU