03 Fevereiro 2011
O porta-voz do Sodalício de Vida Cristã, o padre Gonzalo Len, confirmou nesta segunda-feira o cancelamento do processo de beatificação de seu líder, o leigo consagrado e extinto vigário-geral, Germán Doig, devido a três “graves acusações” que surgiram contra ele e que evidenciam que levou uma “vida dupla”, que causou muita dor e decepção em sua organização religiosa, a tal ponto que se ordenou a retirada do “culto e da fé” devido à “sua traição ao Senhor”.
A reportagem é de Lina Godoy e está publicada no jornal peruano Diario 16, 01-02-2011. A tradução é do Cepat.
“Os processos preliminares para declarar sua vida exemplar foram encerrados definitivamente e já não se dará o passo seguinte, que era o processo de beatificação. Houve muitos testemunhos para declará-lo um homem exemplar, mas também houve muitos que nos levaram a encerrar este processo porque não se reconhece sua vida como uma vida exemplar”, precisou o sacerdote sobre este caso que comoveu os membros da comunidade.
Len precisou que receberam três testemunhos graves e contundentes que os levaram, depois de uma profunda investigação, a encerrar este processo e comunicá-lo à alta hierarquia na primeira quinzena deste mês. Uma tarefa de divulgação que foi realizada em quatro dias entre os irmãos espirituais. “Germán morreu há pouco mais de 10 anos”, recordou ao ser consultado sobre de quando eram os testemunhos.
O porta-voz dos sodalícios foi consultado se a causa desta drástica decisão se devia a uma denúncia por violação ou ter mantido relações sexuais com dois jovens, como foi divulgado nas redes sociais. O sacerdote negou estas acusações mesmo que depois, no final da entrevista, se comunicou por telefone com este jornal para esclarecer que “não houve pedofilia”.
Diante da nossa insistência em saber mais detalhes dos “testemunhos” contra Germán Doig, Len argumentou que as pessoas que deram testemunho lhe pediram absoluta reserva no trato de seus casos e insistiu em que “foi feito um processo interno, ouvidas as testemunhas, as investigações e, quando houve clareza, se encerrou o caso e feitas as devidas comunicações”.
Com a voz engasgada, o sacerdote acrescentou que este tema “foi muito claro, muito doloroso e muito triste porque Germán era uma pessoa da nossa comunidade, que para muita gente era exemplar e esta dupla vida e esta contradição nos pegou de surpresa e produziu uma profunda dor”.
“Há muita gente que está sofrendo. Sua família, suas irmãs...”, disse Len.
E imagino que as três famílias afetadas também, expressamos.
“Seguramente”, respondeu.
Em relação à indenização que teriam solicitado os protagonistas destes testemunhos, respondeu que “qualquer pessoa que quis a nossa ajuda foi ajudada absolutamente”.
Acrescentou que o tema foi comunicado às autoridades da Santa Sé e aos respectivos arcebispos. “Seguramente (monsenhor Juan Luis) Cipriani já sabe”, indicou.
“Eu, pessoalmente, fico muito machucado. Quer dizer, esta experiência com Germán Doig é uma experiência que não faz parte da nossa comunidade. É uma lamentável decepção que nos machuca no coração, mas que está ali”.
Acrescentou que também decidiram retirar-lhe o culto e a fé porque já não é um exemplo de vida. “Ficamos com a experiência própria da Igreja. Como o caso dos 12 Apóstolos, onde um deles traiu o Senhor”.
“Ele fez estas obras lamentáveis que são atos seguros de fechar seu coração a Deus. São muito tristes”.
Merece perdão?, perguntamos.
“Deus perdoa todos os seres humanos. Seus maus exemplos devem ser perdoados como a qualquer um de nós”.
Entretanto, estamos certos de que a verdade seguirá abrindo passagem nos próximos dias.
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Germán Doig, líder do Sodalício, outro caso Maciel? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU