06 Janeiro 2011
Bento XVI aproveitou a Epifania (festa dos Reis Magos) para desautorizar a teoria do Big Bang e responder, indiretamente e sem nomeá-lo, a Stephen Hawking. "O universo não é resultado do azar, como querem nos fazer crer", indicou, para depois aprofundar a explicação de sua tese.
A reportagem é do sítio Religión Digital, 06-01-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Hawking despertou um importante alvoroço em setores religiosos ao assegurar em seu livro publicado em setembro que "não é necessário invocar a Deus para que acenda o chama e ponha o universo em funcionamento".
Segundo explicou o Papa em sua alocução, as teorias científicas que, como o Big Bang, explicam a origem do universo, ficam coxas se não se recorre a Deus: "Não devemos deixar que nossa mente seja limitada por teorias que chegam sempre só até certo ponto e que, se olharmos bem, não estão de fato em concorrência com a fé, mas não conseguem explicar o sentido último da realidade".
Bento XVI presidiu na manhã desta quinta-feira a celebração da Solenidade da Epifania do Senhor na Basílica de São Pedro e afirmou em sua homilia que o poder, "também o da sabedoria", se interpõe "no caminho ao encontro do Menino" em Belém.
Além disso, Bento XVI indicou que o homem vê Deus "às vezes como um rival particularmente perigoso", que gostaria de "privar os homens de seu espaço vital, de sua autonomia e de seu poder" e que impede "fazer o que se quer".
No entanto, o Pontífice manifestou que a humanidade "deve se abrir à certeza de que Deus não tira nada, não ameaça" e é o único "capaz de oferecer a possibilidade de viver em plenitude". Cada homem, declarou o Papa, deve eliminar "a ideia de rivalidade" e de que "dar espaço a Deus é um limite para nós" para alcançar "a verdadeira alegria".
O Papa lembrou que Deus guiou os Reis Magos, cuja festa se celebra hoje, "entre os pobres e entre os humildes" para encontrar "o Rei do mundo". Os critérios de Deus, declarou Bento XVI, são diferentes "do que os dos homens", porque Deus se manifesta "em Belém, onde se encontra a aparente impotência do seu amor".
Diante de milhares de fiéis reunidos na basílica vaticana para a celebração do Dia dos Reis, o Pontífice assegurou que Deus "pede a liberdade do homem de ser acolhido" para "transformá-lo e fazer-nos capazes d`Aquele que é Amor".
Além disso, afirmou que se se perguntasse a cada pessoa "como Deus deveria ter salvado o mundo", muitos responderiam "que desse um sistema mais econômico, em que cada um tivesse o que quer", mas que isso obstaculizaria a liberdade humana.
Por outro lado, explicou em sua homilia, os Magos, por meio da estrela de Belém, "buscavam na criação a assinatura de Deus", mas sabiam que ela é reconhecida "com o olhar profundo da razão em busca do sentido último da realidade".
Por isso, Bento XVI convidou os cristãos a se deixarem guiar "pela criação até o único Deus, criador do Céu e da Terra", que "nasceu em uma gruta de Belém" e continua "habitando entre nós na Eucaristia".
No entanto, o Papa afirmou que a criação "não dá a luz definitiva", mas é necessário "escutar a Sagrada Escritura", que é "a verdadeira estrela" que "oferece o imenso esplendor da verdade divina".
Por último, Bento XVI pediu que os cristãos leiam a palavra da Bíblia, "lida na Tradição viva da Igreja" como "a verdade que diz o que é o homem e como ele pode se realizar plenamente". O Papa solicitou também que os fiéis "sigam o caminho da verdade" em sua vida cotidiana, "junto aos demais", para construir "a existência sobre a rocha".
Ao longo da missa do Dia de Reis, um diácono anunciou o dia em que será celebrada a Solenidade da Páscoa, que será realizada no próximo dia 24 de abril.
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"O universo não é resultado do azar, como querem nos fazer crer", afirma Bento XVI - Instituto Humanitas Unisinos - IHU