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06 Setembro 2012

Como filho espiritual de Martini, com estas palavras, o teólogo e padre italiano Angelo Casati dedicava um livro de comentários aos evangelhos dominicais.

O artigo foi publicado no sítio Chiesa di Milano, 31-08-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Eu não sei se as mulheres do Evangelho, quando ungiram e perfumaram Jesus, e não foi uma só vez, em seu coração, pensavam em dizer, com esse seu gesto terno, que o perfume verdadeiro era ele, Jesus de Nazaré. Agora eu sei, no entanto, que o seu gesto profético foi revelação disso também.

Para as nossas casas, para a casa da Igreja, para a casa da humanidade, o perfume que afasta para sempre o cheiro ruim da mesquinhez e da morte é a palavra de Deus, é a palavra do Senhor.

Esse é o tesouro que, desde o primeiro dia até o último, caminhando em meio a nós, o cardeal Carlo Maria Martini nos recordou, esse tesouro ao qual, desde o primeiro dia até o último viveu conosco, ele obteve, tirando coisas novas e velhas. Por esse perfume, toda a nossa casa lhe é grata.

Gostaria de dedicar a ele, como um filho, estas homilias pobres, que remetem a outro perfume.

E agora que o tempo
se fez breve,
e o coração se consuma
para reter a tua imagem,
que parece esvanecer longe,
ponto perseguido
ao horizonte extremo,
agora que os olhos
estão sobre o mar
como de quem saúda
mesmo que a vela desapareceu,
como as pupilas dos discípulos
perdidas, na montanha,
em um céu órfão
do rosto,
agora sei que também para o adeus
de um pastor de igrejas
pode ferir e urgir
aos olhos a comoção
e dilatar-se
até o espasmo
das veias dos pulsos.
Tu estás escrito
como selo sobre o coração
e sobre o braço.
Tu amaste estas estradas,
choraste
sobre esta cidade.
Deixa-nos
– e é testamento –
a lâmpada da Palavra
e o pão do rosto.


(Do prefácio de E la casa si riempì del profumo, Centro Ambrosiano, Milão, 2002.)