09 Julho 2012
"Eu já sei que vou morrer. Sou a bola da vez. Mas não quero ir embora daqui", disse o pescador Alexandre Anderson na sede da Associação Homens do Mar (Ahomar), uma casa simples na areia da Praia de Mauá, em Magé, no extremo norte da Baía de Guanabara. Ele preside o grupo que teve dois líderes assassinados há duas semanas. Outros dois foram executados em 2009 e 2010.
A reportagem é de Felipe Werneck e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 08-07-2012.
Enquanto Anderson conversa com o repórter, dois PMs ficam à espreita do lado de fora. O pescador vive sob escolta desde setembro de 2010. Ele foi incluído no Programa Nacional de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH). Mas não se sente protegido. "Recebo ameaças até pelo rádio da polícia."
Segundo Anderson, a assistência social e o colete à prova de balas prometidos pelo governo federal desde 2009 ainda não chegaram. Ele está impedido de pescar, porque os PMs que o acompanham não têm autorização para trabalhar no mar. Anderson tem dois filhos, que moram afastados e não podem visitá-lo.[...]
Segundo o pescador, grupos armados dominam, além da segurança, o fornecimento de água e material de construção, além do transporte marítimo. "Estão interessados nos empreendimentos porque vão ganhar muita grana. Não querem a gente na água. Estamos sendo removidos. Os crimes são terceirizados."
Após as mortes, a Anistia Internacional divulgou uma "ação urgente" pedindo que sejam encaminhados apelos para a Secretaria de Segurança (Seseg) e para a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, instando as autoridades a proporcionar proteção completa à família de Anderson, além de investigar as ameaças e os quatro homicídios.
(Cf. a notícia do dia 09/07/2012 desta página)
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Javé, tu ouves o desejo dos pobres,
fortaleces o coração deles e lhes dás ouvidos,
fazendo justiça ao órfão e ao oprimido,
para que o homem terreno já não infunda terror.
(Sl 10, 17-18)
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Mortes levam medo à Baía de Guanabara - Instituto Humanitas Unisinos - IHU