09 Março 2012
O senador da República, Cristovam Buarque, esteve na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília (DF), para fazer, a pedido dos bispos, a análise de conjuntura política e apresentar um perfil da pobreza no país, na primeira reunião do Conselho Permanente da CNBB do ano.
A informação é do Boletim da CNBB, 08-03-2012.
Cristovam levantou durante duas horas, quatro perguntas essenciais para caracterizar a pobreza no país, que são: O que é ser pobre? Porque há pobreza? Porque nos preocupamos com os pobres e como erradicar a pobreza? Nesta mesma linha, o economista definiu cinco índices de pobreza: a falta de alimentação; a pouca ou nenhuma educação básica; o não acesso aos serviços de saúde existentes; a falta de um terreno para construção de moradia e não ter condições de pagar o transporte público.
“Costuma-se dizer que é pobre quem ganha menos de dois dólares por dia. A linha que separa os pobres dos que não são pobres é linha vertical - quem tem acesso e quem não tem acesso. Pobreza é a falta de acesso aos itens essenciais de uma vida digna. A maior parte dos itens não se compra. A renda tem um papel importante, mas ser pobre, não é uma questão exclusiva de renda”, destacou o senador Cristovam.
De acordo com Cristovam, o conceito de pobreza nasce do conceito de riqueza. “A riqueza é um conceito criado e a pobreza é consequencia desse conceito pós-moderno de riqueza. A causa da pobreza é menos a propriedade privada, os meios de produção, e é mais a propriedade do conhecimento. Quem entrou no mundo do conhecimento, entra no mundo dos donos do capital. A porta para sair da pobreza é a educação. Ela propicia a igualdade de acesso ao que é essencial. A renda e o consumo depende do acesso à saúde e educação. É o uso do dinheiro que devemos nos preocupar, e nao a quantidade de dinheiro. A pobreza hoje é a falta de acesso aos bens que definem o acesso à renda”, destacou.
“A economia não se dinamiza com os produtos básicos. O Brasil corre o risco de ficar para trás, porque os nossos produtos são de matéria prima e não de produtos com agregação de valor. A dimensão da luta para resolver a pobreza é uma questão ética. Muitos fazem, os outros não. Está no coração e não mais no cérebro”, ressaltou o senador fazendo um alerta ao Governo.
O que fazer?
Segundo Cristovam Buarque, o país deve mudar o pensamento de que o crescimento economico é que elimina a pobreza. “O crescimento econômico pode gerar desequilíbrio ecológico. Vai gerar desertificação. Vai forçar migração. Não é possivel continuar o crescimento de forma acelerada. É preciso comemorar o crescimento baixo, mas com mudança significativa no quadro social”.
Sobre as crises dos países ricos, o senador disse que são frutos do excesso da busca do empréstimo. “A ideia de que progresso é aumentar os bens e enriquecimento econômico é recente, mas virou uma religião e produz a inviabilização ecológica. É preciso mudar o conceito de Progresso ou o planeta não resistirá”, enfatizou.
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Crescimento econômico não elimina a pobreza - Instituto Humanitas Unisinos - IHU