18 Fevereiro 2012
O inventor da célebre palavra fez um e-book sobre o fenômeno. O termo descreve os novos narcisos: agora, 18 anos depois, Mark Simpson acrescenta outros neologismos.
A reportagem é de Francesco Pacifico, publicada no jornal La Repubblica, 14-02-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O termo "metrossexual" tornou-se maior de idade: o primeiro artigo que o citava no jornal inglês The Independent é de 1994. Mark Simpson, autor do artigo, publicado Metrosexy: A 21st Century Self-Love Story: uma coleção de todos os seus artigos sobre o tema do Narciso contemporâneo, que se veste bem e usa produtos de beleza. O livro está disponível apenas digitalmente, na Amazon, a 2,68 euros. Aqui segue um glossário dos termos utilizados por Simpson para entender o homem contemporâneo e a sua relação com a beleza, a identidade, o desejo, as compras.
Metrossexual. O desejo masculino de ser desejado: por todos, especialmente pelos outros homens metrossexuais. Quem inspirou o fenômeno foi o estilo italiano, em particular Dolce & Gabbana. O primeiro artigo sobre o assunto, Here Come the Mirror Men, "Lá vem os homens-espelho", fala sobre uma exposição de moda e de produtos de beleza masculina em Londres, patrocinada pela GQ. O metrossexual "é talvez o mercado mais promissor da década", "uma criação do apetite voraz do capitalismo pelos novos mercados". O ícone é David Beckham, que posou em 2002 para uma revista gay. Na entrevista conjunta, o jogador de futebol "confirmou ser hetero, mas admite estar feliz com o seu status de ícone gay; ele gosta de ser admirado, diz, e não se importa se quem o admira são mulheres ou homens". Quanto à diferença com os dândis, narcisos do fim do século XIX: os dândis eram uma elite, o metrossexual é mainstream. Em todo o caso, podemos aplicar para eles a frase de Oscar Wilde: "Amar a si mesmo é o início de um idílio que dura a vida inteira".
Retrossexual. Antigamente, definia o homem não metrossexual, à moda antiga, aquele que não tem o fetiche por si mesmo e pelo próprio corpo. Depois do triunfo das estéticas retro e do homem elegante (o modelo é Don Draper, da série Mad Men), a palavra distorceu o seu significado para definir o metrossexual bem vestido que indica o passado no seu próprio estilo.
The New Macho (übersexual; heteropolitano; machossexual). Termos com os quais as revistas de moda tentaram anunciar o retorno do homem à moda antiga, "menos vaidoso e menos gay". Segundo Simpson, "é algo velho reempacotado e vendido como novo. Agora que a masculinidade se tornou mercadoria, por que não fazer o reempacotamento do homem regularmente?".
Speedophobia. A fobia das sungas. Criada pelos adversários do metrossexual contra a imposição do homem bem oleado de sunga marca Speedo.
Phalliban (de Phallic + Taliban). É o fanático inimigo do metrossexual, o speedofóbico por excelência.
Hummersexual (de Hummer, gigantesco automóvel). Termo para debochar do new macho: o hummersexual é uma "forma de masculinidade falsa, barulhenta, pretensiosa, estudada e francamente efeminada, que gosta de chamar a atenção sobre si mesma e sobre sua suposta 'masculinidade' à moda antiga". O termo se inspira na campanha norte-americana da Hummer, com seu slogan "Prove a sua masculinidade". "O hummersexual é clara e hilariantemente pseudorretrosexual". É uma visão hiper-real da masculinidade, mediada e muito consciente.
Menaissance (Men + Renaissance). O chamado renascimento do homem verdadeiro nos tempos de Bush Jr. e da moda dos Hummers. As publicidades de nomes como Dodge, Hummer, Miller Lite e Burger King "ridicularizam o estilo metrossexual, tentando associar suas marcas à 'verdadeira' masculinidade. Praticamente fazendo da própria obsolescência uma virtude".
Bigorexia (Big + Anorexia). "A ilusão de não ser suficientemente musculoso e forte". É uma forma de anorexia ao contrário. Tudo começa com a influência dos filmes de Arnold Schwarzenegger, de Conan e Exterminador do Futuro em diante. Hoje, "'Brad Pitt' é a palavra esperanto para definir o abdominal esculpido".
Metro-cowboy. Segundo Mark Simpson, o filme Brokeback Mountain não fala de homossexualidade. "Ao contrário, é uma propaganda em longa metragem para uma metrossexualidade contemporânea e metropolitana. É um ataque contra a repressão retrossexual em geral". Por isso, é muito popular: "Retrata a fascinação da cultura atual pelo homoerotismo e pela sensualidade masculina".
Sporno (Sport + Porno). Estética pós-metrossexual usada pelo esporte e pela publicidade para nos vender o corpo masculino. O que fez com que a Itália ganhasse a Copa do Mundo de 2006 não foi "tanto o seu espírito esportivo, mas sim o seu espírito sporno. Na preparação ao torneio, alguns membros em grande forma da seleção italiana fizeram uma pausa no treinamento para fazer algo mais útil: recrutaram a Dolce & Gabbana (ou foi o contrário?) para produzir uma foto spornográfica deles todos bem oleados e pronto para nós".
Clonossexual. A época metrossexual é "um mundo digital e clonado em que a força motriz, a mola no centro de um mecanismo perfeito, não é a reprodução heterossexual, nem mesmo a união gay, mas sim a perfeição narcisista, obtida por meio da moda, do consumo, dos cosméticos, da tecnologia, da cirurgia e de uma iluminação realmente boa. Um futuro utópico-distópico atrativo em que homens e mulheres saem sozinhos consigo mesmos".
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
E a metrossexualidade mudou os homens - Instituto Humanitas Unisinos - IHU