Por: André | 13 Agosto 2013
“Dona Rosa, uma das mais fiéis em nossa vigília de cada noite, em um dos encontros de oração, quando comentávamos que o Papa Francisco, no Rio, confessou que se sentia enjaulado, disse: ‘o que o Papa tem que fazer é voar’. Como seguidores/as de Jesus e seu Evangelho, vamos continuar voando em liberdade.”
A reflexão faz parte de uma carta aberta da Igreja de San Miguel de Sucumbíos, por ocasião do 300º dia da Vigília Permanente, e que está publicada no sítio Isamis, 11-08-2013. A tradução é de André Langer.
Eis a carta.
No dia 29 de julho passado, reunidos/as na nova comunidade “Padre Jesús Arroyo”, no setor centro de Lago Agrio, celebramos com simplicidade e humildade 300 dias de vigília permanente em nossa Igreja de San Miguel de Sucumbíos.
Tivemos, como acontece cada noite, o nosso encontro pessoal e comunitário de oração com o Senhor, com a luz sempre brilhante que nos acompanhou iluminando a nossa caminhada. A Palavra de Deus tirada de Tiago 1, 1-8 nos animou na capacidade de suportar e levar com esperança a cruz das provas que vêm das forças do mal. O ambiente esteve marcado pela fraternidade, pela alegria e pela confiança na força do Deus Vivo.
Três felizes acontecimentos fortaleceram esta esperança: a alegria pelo nascimento desta nova comunidade eclesial de base “Padre Jesús Arroyo”, a celebração da vigília permanente durante alguns dias fixos da semana em outros setores de Lago Agrio, e o envio e entrega da luz a nossas companheiras e irmãs Lolita Torres e María del Carmen Morales para que seja levada ao Brasil para o curso em que trocarão experiências sobre a Igreja Latino-americana e experiências ecumênicas, onde se prepararão e enriquecerão seus conhecimentos, sua espiritualidade e sua capacidade de seguir acompanhando como leigas o caminho de comunidades e de Igreja local.
Fazendo memória, recordamos que em 03 de outubro do ano passado, reunidos/as para o início da novena de preparação para o Ano da Fé declarado pelo – então – Papa Bento XVI pelos 50 anos do Concílio Vaticano II, iniciamos a Vigília Permanente de ISAMIS por vários fatos que evidenciavam a continuidade da intervenção externa à nossa igreja local – intervenção que ainda se mantém e não parece ter fim –, indo contra o desejado caminho de voltar a ser “Casa e Escola de Comunhão”, razões mais que suficientes para intensificar, naquele momento e agora, a nossa oração e fortalecer a nossa espiritualidade, animados/as pelo patrimônio espiritual acumulado também durante os 139 dias de Vigília anterior – 07 de janeiro a 25 de maio de 2011.
Durante este tempo, pudemos viver cada noite a experiência do encontro com o Senhor, “bebendo em nosso próprio poço espiritual” (ver livro Beber em seu próprio poço, de Gustavo Gutiérrez) para continuar o nosso trabalho evangelizador na ação pastoral e social de nossas comunidades, setores, paróquias e zonas e em nossos encontros, reuniões, coordenações, etc.
Com o Ano da Fé em andamento confirmamos a fé de uma Igreja local com história e tradição em comunhão com a Igreja do Equador e a Igreja Universal. Também durante este tempo tivemos que ver, analisar, enfrentar e entender, com consciência crítica e sem cair na provocação, lamentáveis fatos e decisões que seguem quebrando a comunhão em nossa Igreja e alentando um conflito provocado de fora, que segue empenhando em nos dividir, confrontar e acabar com o processo de Igreja do Vicariato Apostólico de San Miguel de Sucumbíos – ISAMIS – como Igreja participativa, comunitária, missionária, solidária, com vocação de serviço, aberta a todos/as, libertadora dos e das pobres por causa do Reino, de cujos valores se alimentou também o tecido social da nossa província de Sucumbíos.
O Ano da Fé é uma bênção, com a recuperação da memória histórica do Vaticano II, e nos abençoou com o Papa Francisco, o servidor dos servidores, o Bispo de Roma que nos preside na caridade, com quem sopram ventos novos, assim como sopraram com João XXIII. Seus gestos e mensagens são claros.
Uma vez mais, em sua visita ao nosso continente, na Jornada Mundial da Juventude, confirmou o seu propósito de que não há retrocesso e que o caminho é para frente. Com a simplicidade de suas palavras nos remeteu à simplicidade e à radicalidade do Evangelho. Por isso, nos animou dizendo: “Não tenham medo”, “arrumem brigas”, “quero uma Igreja nas ruas”, “não liquifiquem a fé, devemos seguir Jesus por inteiro, com o escândalo da cruz”. O Papa nos relembrou que o seguimento de Jesus produz conflito.
Estamos concluindo o ano pastoral e uma vez mais avaliaremos o caminho percorrido como Igreja, iluminados pela Palavra e por estas luzes e apelos.
A Vigília Permanente continua rezando para que a luz brilhe.
Dona Rosa, uma das mais fiéis em nossa vigília de cada noite, em um dos encontros de oração, quando comentávamos que o Papa Francisco, no Rio, confessou que se sentia enjaulado, disse: “o que o Papa tem que fazer é voar”. Como seguidores/as de Jesus e seu Evangelho, vamos continuar voando em liberdade.
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Vigília Permanente da Igreja de San Miguel de Sucumbíos passa dos 300 dias - Instituto Humanitas Unisinos - IHU