01 Julho 2013
A mesma Salvador que, 464 anos atrás, recebeu os primeiros jesuítas enviados ao Brasil será a porta de entrada da maior excursão de jovens ligados à ordem religiosa que já passou pelo País.
Se em 1549 desembarcaram na então capital brasileira, tripulantes da armada de Tomé de Sousa, seis religiosos da Companhia de Jesus - os padres Manuel da Nóbrega, Leonardo Nunes, João de Azpilcueta Navarro, Vicente Rodrigues, Antonio Pires e o irmão Diogo Jácome - agora são esperados mais de 2 mil jovens jesuítas ou simpatizantes da ordem.
A reportagem é de Edison Veiga e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 01-07-2013.
Batizado de Magis, o evento existe desde 1997 e sempre precede a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no país-sede. A edição brasileira começa no dia 12. Os jovens ficam até o dia 14 na capital baiana e depois são enviados, em grupos de 20 a 30, para 40 cidades, em missões ecológicas, educacionais, religiosas e culturais. No dia 22, reencontram-se no Rio. Partilham as experiências vividas e, no dia seguinte, integram-se aos milhares de outros participantes da JMJ.
Programação
"O evento não é restrito aos religiosos da Companhia de Jesus. Mas aos jovens, leigos ou religiosos, que de algum modo estão ligados às obras dos jesuítas nos 130 países em que a ordem está presente", diz o padre Geraldo Lacerdine, porta-voz do Magis Brasil.
Considerado o mais importante encontro da juventude ligada à Companhia de Jesus, o Magis é um verdadeiro intercâmbio cultural entre os países participantes - no show das nações, cada delegação apresenta sua cultura por meio de dança, música ou teatro - e uma imersão no país-sede.
Durante os 17 dias de evento, os jovens participarão de experiências como conhecer a favela da Rocinha, no Rio, o Pelourinho, em Salvador. Cooperativas de catadores de lixo, comunidades ribeirinhas na Amazônia e até uma peregrinação "nos passos de Anchieta", de Peruíbe a São Bernardo do Campo, estão na programação.
A organização do evento sempre cabe à Companhia de Jesus do país-sede da JMJ. "Faz dois anos que estamos trabalhando nisso", conta o padre Geraldo.
"Formamos uma equipe de trabalho, com um organizador geral, um responsável pela tecnologia, um responsável pela logística, outro pela comunicação e outro pelas experiências dos jovens", enumera.
Magis é uma palavra latina que significa "o maior", "o melhor". E isso, de acordo com os organizadores, está em consonância com os próprios princípios jesuítas. "A palavra está ligada à nossa missão, que é fazer com que cada ser humano seja o melhor de si para os outros. No Magis, trabalhamos com esse conceito. Queremos ajudar as pessoas a serem honestas, justas e boas profissionais", explica o sacerdote.
No Rio, exposição multimídia conta a história da companhia
Quem for ao Rio para a Jornada Mundial da Juventude, evento que ocorrerá entre 23 a 28 deste mês, poderá aproveitar para conhecer melhor a história da Companhia de Jesus, ordem religiosa que voltou aos holofotes com a escolha de um de seus representantes, o cardeal argentino Jorge Bergoglio, para ocupar o cargo máximo da Igreja Católica, em março.
Jesuítas brasileiros preparam uma megaexposição multimídia, interativa, para contar a história da companhia religiosa desde sua fundação, no século XVI, até a eleição do papa Francisco. A mostra estará em cartaz a partir do dia 22, no Colégio Santo Inácio, mantido pela ordem religiosa no Rio. "No ano que vem, pretendemos que a exposição rode o País", adianta o padre jesuíta Geraldo Lacerdine, um dos organizadores.
Uma das atrações que devem mais chamar a atenção é a instalação de um painel gigantesco no teto do pátio do colégio, que vai funcionar como uma réplica do famoso afresco de Andrea Pozzo que fica no teto da nave principal da Igreja de Santo Inácio de Loyola, em Roma.
"Também teremos várias referências à importância que os jesuítas tiveram para a história do Brasil, em aspectos que vão da educação ao futebol", diz o padre. Ele se refere a relatos que, contrariando a historiografia oficial, afirmam que o esporte bretão foi introduzido no País por jesuítas do Colégio São Luís, nos anos 1870, duas décadas antes de Charles Miller.
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Missões jesuítas vão ''invadir'' o Brasil - Instituto Humanitas Unisinos - IHU