15 Fevereiro 2013
"A mídia oferece uma imagem distorcida do Concílio. Agora, é necessária uma leitura do espírito do Vaticano II", afirmou Bento XVI no seu último encontro com os padres de Roma.
A reportagem é do sítio Vatican Insider, 14-02-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O papa contou no encontro com o clero romano, na manhã desta quinta-feira, 14 de fevereiro, na Sala Paulo VI, o seu Concílio como jovem perito e adentrou na interpretação do seu significado, indicando-o como ponto de referência para retomar o tema da renovação da Igreja.
Antes da sua intervenção após as palavras do cardeal vigário Agostino Vallini, o papa disse aos sacerdotes de Roma: "Obrigado a vocês, obrigado pelo seu afeto. Retiro-me, mas permaneço próximo de vocês".
Não foi, portanto, uma catequese, mas sim um testemunho humano e espiritual da cotidianidade do Concílio. O jovem padre e teólogo Ratzinger que vai a Roma para fazer uma experiência da universalidade da Igreja, colabora com o cardeal Frings em contato com os 2.500 bispos presentes em Roma, na dimensão universal do cristianismo. Depois, lembrou a emoção de poder conhecer e falar com grandes teólogos como De Lubac e Daniélou.
No Concílio, disse o papa, ''todos acreditávamos que se devia prosseguir na renovação, um novo Pentecostes" para a Igreja. E, com efeito, os seus frutos levaram a afirmar que "nós somos a Igreja, todos juntos, não uma estrutura. Nós, cristãos, somos o corpo da Igreja".
O pontífice recordou, depois, as discussões sobre o conceito de "colegialidade" na Igreja, afirmando que, nos trabalhos conciliares, houve, talvez, sobre esse tema "uma discussão exagerada, talvez furiosa". Mas, esclareceu, "não se tratou de uma luta de poder, mas sim de uma busca de completude no corpo da Igreja", afirmando que os bispos são um "elemento portante da Igreja".
Há ainda "muito a fazer para se chegar a uma leitura das Sagradas Escrituras no espírito do Concílio, ela ainda não está completa", acrescentou Bento XVI na sua longa lectio, citando o seu livro sobre Jesus.
Referências importantes à liturgia (Sacrosanctum Concilium), à Igreja (Lumen Gentium) e à Palavra de Deus revelada ao ser humano (Dei Verbum), fundamento de uma reflexão que uniu a mensagem de salvação de Cristo morto e ressuscitado, a longa tradição da Igreja e a história da Igreja na história da humanidade.
Com Gaudium et Spes, Dignitatis Humanae e Nostra Aetate, compõe-se uma grande trilogia de documentos do Vaticano II, disse o Papa Ratzinger. Eles deram um impulso importante para definir o diálogo na diferença e na diversidade como momento fundamental para o desenvolvimento do ser humano, na confirmação da fé da unicidade de Cristo. No diálogo, porém, compreende-se como é sempre necessário um espírito de diálogo, porque em toda experiência religiosa há uma luz que ilumina todo ser humano.
Finalmente, uma crítica aos meios de comunicação, que, nos anos 1960, relataram um Concílio Vaticano II "virtual", focando a atenção na "soberania popular". Uma interpretação que deu passagem a "tantas calamidades, tantos problemas, tantas misérias: seminários fechados, conventos fechados, liturgia banalizada".
Veja também:
Concílio Vaticano II. 50 anos depois. Revista IHU On-Line, no. 401
Dez formas para confundir os ensinamentos do Vaticano II. Artigo de John O'Malley
Veja também os vídeos: http://bit.ly/Yckml5 e http://bit.ly/YckuRj
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''Voltar ao Concílio, bússola para a Igreja do futuro'', afirma Bento XVI - Instituto Humanitas Unisinos - IHU