14 Março 2014
Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Através de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora.
Vinicius de Moraes foi um poeta essencialmente lírico. Notabilizou-se pelos seus sonetos, forma poética que se tornou quase associada ao seu nome.
Eu creio na alma…
Eu creio na alma
Nau feita para as grandes travessias
Que vaga em qualquer mar e habita em qualquer porto
Eu creio na alma imensa
A alma dos grandes mistérios
A grande alma que em vão busquei sufocar
Eu creio na alma eterna
A alma boa, a alma pura, a alma singela
A alma que possui o espaço
A alma que não possui o tempo
A grande alma sozinha
Capaz de conter toda a humanidade Senhor!
Eu creio nela
Eu creio na minha alma extraordinária
Ela era como o templo
Onde os vendilhões mercadejavam
Ela expulsou os vendilhões, Senhor!
E os pássaros cantaram.
Eu creio na alma grande
Em busca dum élan que a lance sempre Para o eterno movimento
A alma espelho das águas
Onde o céu reflete os pássaros que voam
Eu creio em ti, Senhor Porque és a alma que é o céu onde os pássaros voam
E que se reflete no espelho das águas
Porque és a grande alma que paira
Eu creio em mim, Senhor Porque sou alma feita à tua semelhante
Grande alma onipotente
Que no começo era o nada
O nada - vazio das almas
O nada cheio de treva e maldição
Mas o espírito erguia-se do caos
E a treva fez-se luz
A luz cheia de átomos de vida
A luz - a grande luz que sobe sempre.
Vinícius de Moraes
Rio de Janeiro, 2004
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Vinicius de Moraes na oração inter-religiosa desta semana - Instituto Humanitas Unisinos - IHU