26 Novembro 2014
Nesta terça-feira, o Papa Francisco disse aos líderes europeus para fazerem mais no intuito de ajudar os milhares de migrantes que arriscam suas vidas tentando chegar ao continente, ao dizer que devem parar de deixar que o Mar Mediterrâneo se torne um “grande cemitério”.
A reportagem é de Eleanor Biles, publicada pela Agência Reuters, 25-11-2014. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Discursando no Parlamento Europeu pela primeira vez, Francisco também falou que a Europa deveria criar empregos e não permitir que a burocracia de suas instituições sufoque os ideais que, certa vez, a fizeram vivaz.
O papa argentino fez da defesa de dos migrantes e trabalhadores um elemento-chave de seu papado. Ele tem atacado o sistema econômico global por fracassar na partilha da riqueza e escolheu a minúscula ilha italiana de Lampedusa, na qual muitos migrantes morrem tentando entrar no continente, como o lugar de sua primeira visita papal.
Na terça-feira, pediu que a Europa não gire “em torno da economia, mas da sacralidade da pessoa humana”.
“É chegada a hora de promover as políticas de emprego, mas acima de tudo é necessário devolver dignidade ao trabalho, garantindo também condições adequadas para a sua realização”, disse.
“Isto implica, por um lado, encontrar novas maneiras para combinar a flexibilidade do mercado com as necessidades de estabilidade e certeza das perspectivas de emprego, indispensáveis para o desenvolvimento humano dos trabalhadores”, acrescentou.
O índice de desemprego gira em torno de 10,1% na União Europeia, bloco composto por 28 países, e em torno de 11,5% na eurozona, que conta com 18 países integrantes. Na Espanha e Grécia estes números se duplicam, e o desemprego entre os jovens ultrapassa os 40% em algumas regiões.
Francisco falou sobre a crise imigratória da Europa poucos dias depois que 600 migrantes foram resgatados no Mediterrâneo entre a Sicília e o Norte da África.
“De igual forma, é necessário enfrentarmos juntos a questão migratória. Não se pode tolerar que o Mar Mediterrâneo se torne um grande cemitério”, declarou.
“Nos barcos que chegam diariamente às costas europeias, há homens e mulheres que precisam de acolhimento e ajuda”, disse, convocando as potências europeias a trabalharem unidas para proteger os imigrantes das mãos dos traficantes de pessoas.
A Organização Internacional de Migração – OIM estima que 3200 migrantes morreram tentando cruzar o Mediterrâneo até este momento, só no ano de 2014.
Francisco falou que os legisladores europeus precisam de um novo impulso e de uma renovada energia, dizendo que ela, a Europa, muitas vezes se parece “um pouco envelhecida e empachada”, comparando-a com uma avó que já não é mais fecunda nem vivaz.
“Daí que os grandes ideais que inspiraram a Europa pareçam ter perdido a sua força de atração, em favor do tecnicismo burocrático das suas instituições”, declarou.
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Papa Francisco: Não se pode tolerar que o Mar Mediterrâneo se torne um grande cemitério! - Instituto Humanitas Unisinos - IHU