27 Outubro 2014
Os Estados Unidos estão se movendo rumo à abolição da pena de morte, e as reivindicações de Francisco sobre a necessidade de "começar a pensar nas alternativas à prisão perpétua" são bem-vindas. A opinião é de Michael Novak, um dos filósofos católicos norte-americanos mais influentes que, com as suas opiniões, também marca uma evolução em curso na sociedade do seu país.
A reportagem é de Paolo Mastrolilli, publicada no jornal La Stampa, 24-10-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A pena de morte continua sendo legal nos Estados Unidos, e até poucos anos atrás a sua popularidade parecia impossível de diminuir. Nos últimos tempos, porém, diminuíram as execuções e aumentaram os Estados que não as permitem.
Eis a entrevista.
Com o seu discurso, o papa chamou a atenção para os limites do sistema carcerário. Como o senhor julga as suas palavras?
As condições da vida cotidiana são terríveis em muitas partes do mundo, mas muitas vezes as prisões são incomparavelmente piores. Visitar os presos é uma das exigências que Cristo faz a todos nós. Então, eu aplaudo a atenção que o Papa Francisco deu a esse problema e apoio aqueles grupos internacionais, como o Prison Fellowship, que oferecem cuidados pessoais aos presos.
O pontífice também disse que a prisão perpétua é uma forma oculta de condenação à morte.
O Papa Francisco age criativamente, exortando-nos a começar a pensar nas alternativas à prisão perpétua. Certamente, há muito trabalho criativo que, de fato, pode ser feito nesse campo, junto com as garantias para a segurança do público.
Francisco pede abertamente a abolição da pena de morte, que nos Estados Unidos sempre teve um forte apoio popular. Assim, ele coloca bispos e sacerdotes norte-americanos em uma situação difícil, pois deverão levar os seus adeptos em um caminho não compartilhado pelo público?
Nos Estados Unidos, na realidade, um grande número dos nossos 50 Estados já vetaram a pena de morte, e muitos dos nossos cidadãos querem a sua abolição. Outros invocam ainda os argumentos clássicos em favor das execuções, que haviam sido sustentados por muito tempo pela Igreja. A questão está sendo decidida democraticamente, Estado por Estado.
Existe a possibilidade de chegar à abolição nos Estados Unidos?
A razão pela qual o Papa João Paulo II havia rompido com os argumentos tradicionais em favor da pena de morte era que ele considerava a moderna administração estatal insensível e pouco confiável sobre uma questão tão pesada. Os seus procedimentos carecem de transparência, e a responsabilidade pessoal é facilmente evitada. João Paulo II tinha defendido argumentos semelhantes também contra a inerente irresponsabilidade da moderna administração do Estado social.
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''A Igreja dos Estados Unidos ainda está dividida sobre a pena de morte''. Entrevista com Michael Novack - Instituto Humanitas Unisinos - IHU