28 Agosto 2014
Com a intensificação do período de seca, os incêndios florestais aumentam na mesma proporção em que a umidade relativa do ar diminui. O problema se agrava em áreas do cerrado, presentes em dez estados e no Distrito Federal, e a mudança de comportamento ajuda a evitar o alastramento do fogo no bioma. Atitudes simples como não jogar bitucas de cigarro pela janela do carro aparecem entre as ações que podem contribuir para conter as queimadas.
A reportagem é de Lucas Tolentino, publicada no portal do Ministério do Meio Ambiente, 27-08-2014.
A atividade humana é uma das principais causas de queimadas nesta época do ano. De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), 90% dos incêndios florestais têm de origem antrópica – fruto da ação do homem. Na maioria dos casos, decorrem do uso incorreto do fogo para a renovação de pastagens, da caça e de ações criminosas em represália à criação e gestão de unidades de conservação. Em menor escala, há casos de queimadas que começam, de maneira natural, por conta de raios.
O território atingido pelos incêndios florestais tem apresentado aumento. De acordo com o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, a queima proposital de resíduos sólidos perto de áreas verdes é o motivo mais recorrente dos incêndios atendidos durante os chamados na capital federal. Apenas em junho deste ano, 395,16 hectares de vegetação foram consumidos pelo fogo – aumento de 77,8% em relação aos 222,23 hectares verificados em junho de 2013.
Brigadistas
Para combater os focos de incêndios florestais, o governo federal adotou medidas como o reforço do efetivo que atua em campo. Ao todo, 1.589 brigadistas foram contratados para formar as equipes do Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (PrevFogo) em todo o país. Os profissionais ficam em pontos estratégicos nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste e se concentram em atividades de prevenção e manejo nas unidades de convenção.
Do total, 175 brigadistas atuam nas unidades de conservação federais contempladas pelo projeto Cerrado-Jalapão, em Tocantins, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) em cooperação com o governo alemão e em parceria com o ICMBio e outros órgãos. “As equipes fazem a prevenção por meio de aceiros (desbaste de um terreno em volta de matas para impedir propagação de incêndios) e participam das atividades de pesquisa”, explica a analista ambiental Ângela Garda, do ICMBio.
O efetivo desempenha um trabalho contínuo de prevenção, combate e conscientização nas áreas de maior risco. “Os brigadistas têm papel fundamental no resultado das ações de manejo integrado do fogo, pois não são apenas combatentes de incêndio, são agentes comunitários de sensibilização e se envolvem na queima controlada, educação ambiental e pesquisa”, justifica Ângela. Segundo ela, a meta é reduzir a área atingida pelas queimadas com a implantação do manejo integrado e adaptativo do fogo. “(Os incêndios) são ameaças à proteção do patrimônio natural”, alerta.
Jipes
Veículos especiais são usados pelas equipes de prevenção e combate ao fogo. Na região do Jalapão, quatro marruás – jipes desenvolvidos para operações militares – fazem o transporte de brigadistas e materiais a pontos de difícil acesso nas unidades de conservação. A aquisição somou o investimento de R$ 800 mil, financiados pelo projeto Cerrado-Jalapão. Os automóveis tornaram o trabalho mais eficiente nas unidades de conservação, já que deslocam as equipes com mais rapidez e segurança aos focos de incêndio e áreas estratégicas para ações de prevenção.
A nível nacional, o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado) é a ferramenta estratégica de combate aos incêndios florestais no bioma. O documento traça ações táticas e operacionais que são implantadas por meio da articulação entre União, Estados, municípios, sociedade civil, setor empresarial e universidades.
Fique atento
Veja como ajudar a evitar queimadas:
- Não jogue bitucas de cigarro pela janela do carro
- Não fume em matas e locais com muita vegetação
- Impeça crianças de brincar com fogo em áreas verdes
- Evite fazer fogueiras em áreas de vegetação
Como funciona?
Confira os principais elementos nos casos de incêndios florestais:
- O combate busca suprimir o chamado triângulo do fogo: calor, oxigênio e combustível (vegetação, no caso das queimadas)
- Para os incêndios de pequenas proporções, as brigadas usam abafador, bomba costal e motobomba
- Diante de queimadas de maiores proporções, são aplicados recursos como caminhão-pipa, helicópteros e aviões agrícolas para aspersão de água
Saiba mais
Segundo maior bioma da América do Sul, o cerrado ocupa 24% do território brasileiro, em uma área total de cerca de 2 milhões de km2. Está presente no Distrito Federal e nos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Bahia, Piauí, Minas Gerais, São Paulo e Paraná, o que soma 1.330 municípios. Nessa região, ficam as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata).
Em decorrência da diversidade biológica, o cerrado é caracterizado como a savana mais rica do mundo. Ao todo, 11.627 espécies de plantas nativas, 199 diferentes mamíferos e 837 exemplares distintos da avifauna habitam o bioma, além de 1,2 mil espécies de peixes, 180 répteis e 150 anfíbios. O cerrado conta, ainda, com diversas populações que sobrevivem de seus recursos naturais, incluindo etnias indígenas, quilombolas, ribeirinhos e outros povos tradicionais.
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Ação humana é responsável por 90% dos incêndios florestais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU