08 Agosto 2014
No índice Cities in Motion, que classifica as cidades segundo critérios como meio ambiente, mobilidade e planejamento urbano, municípios brasileiros aparecem nas últimas posições; Tóquio, no Japão, fica em primeiro lugar.
A reportagem é de Jéssica Lipinski, publicada por CarbonoBrasil, 07-09-2014.
Morar em uma cidade com bons índices de governança, gestão pública, coesão social e mobilidade é um sonho de qualquer cidadão, mas para os habitantes das cidades brasileiras, esse sonho infelizmente parece longe de se realizar. É o que sugere a nova classificação IESE Cities in Motion Index (ICIM), que coloca os municípios brasileiros entre as últimas posições de acordo com aspectos relacionados ao bem-estar humano.
O ranking, da Escola de Negócios IESE, da Universidade de Navarra, na Espanha, avaliou 135 cidades de todo o mundo entre 2011 e 2013 segundo dez critérios: governança, gestão pública, planejamento urbano, tecnologia, meio ambiente, projeção internacional, coesão social (imigração, desenvolvimento de comunidades, cuidado com idosos, eficácia do sistema de saúde, segurança da população), mobilidade e transporte, capital humano (capacidade de atrair talentos) e economia.
E os municípios brasileiros não apareceram nada bem: nenhum dos avaliados – Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo – ficou sequer na primeira metade da lista, e seis deles – Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília, Recife e Fortaleza – ficaram entre os dez últimos.
Isso não significa que as cidades tenham se classificado mal em todos os quesitos: a cidade de Curitiba, por exemplo, que ficou na 97ª posição no geral, aparece em 27º lugar no critério meio ambiente, e em 34º em capital humano. Em compensação, ficou na 111ª posição em economia, e na 105ª em coesão social.
Fortaleza, que em geral ficou em 133 no ranking, empatou com Curitiba em 27º lugar em meio ambiente, tendo também uma classificação relativamente boa, 44ª, em governança. Contudo, em aspectos como coesão social e capital humano, ficou bem abaixo na lista, nos 132º e 116º lugares, respectivamente.
As cidades foram divididas em quatro grupos: as desafiadoras, que melhoram em um ritmo elevado e já se encontram na zona mediana da lista; as vulneráveis, que crescem a um ritmo mais lento e se encontram na posição média-baixa da classificação; as consolidadas, que estão em posição média-alta, mas mantém sua posição ou crescem lentamente; e as de alto potencial, que, apesar de se encontrarem na zona média-baixa do índice, evoluíram positivamente com grande rapidez nos últimos anos. Neste último estão as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo.
Bons exemplos
A primeira classificada geral do ranking foi o município de Tóquio, no Japão. A cidade também obteve os primeiros postos nos critérios capital humano e gestão pública. O município teve ainda ótimo desempenho em economia (2º lugar), planificação urbana (6º lugar) e mobilidade e transporte (6º lugar), e bom em projeção ambiental (12º), governança (14º), tecnologia (16º) e meio ambiente (20º).
Outra cidade com índices bastante positivos, embora tenha ficado na parte mediana da lista, é Barcelona, na 51ª posição. O município possui ótima projeção internacional, ficando em 6º lugar, e ótima planificação urbana, em 11ª posição. Também apresentou boa performance nos quesitos meio ambiente, governança, tecnologia e mobilidade e transporte, ficando em 23º, 25º, 38º e 44º lugar, respectivamente.
Na América Latina, a mais bem classificada foi Santiago do Chile. A cidade se destaca nas dimensões economia (20ª posição), gestão pública (19ª posição) e governança (20ª posição), e também em planificação urbana (28ª posição) e meio ambiente (35ª posição). Ainda assim, ficou em 83º no ranking geral.
“A cidade perfeita não existe”
Mas apesar de algumas cidades serem bons exemplos em muitos aspectos, o próprio relatório lembra que “a cidade perfeita não existe”, e que todas apresentaram falhas em pelo menos um quesito avaliado.
O melhor exemplo é Tóquio, que, embora tenha garantido o primeiro lugar geral, apresentou valores baixos em coesão social (125ª posição). A principal causa disso é o efeito que teve o terremoto de Fukushima e o posterior tsunami, que afetou não apenas o município, mas todo o país.
O documento também ressalta que não existe um modelo de sucesso único para a cidade, a exemplo dos primeiros lugares – Tóquio, Londres e Nova Iorque –, que priorizam coisas diferentes. Além disso, o ICIM enfatiza que é importante ter em conta o conjunto dos critérios, e não ser excelente em apenas uma dimensão.
“As mudanças são lentas. Nossa análise temporal do ICIM nos indica que, em geral, as modificações das posições de uma cidade no ranking não foram significativas de um ano a outro. Isso se deve, em grande medida, ao tempo que os projetos de envergadura precisam para tomar forma. Portanto, se pretendem gerar as mudanças necessárias para se converterem em cidades inteligentes e sustentáveis, deveriam adotar políticas em longo prazo o quanto antes, em especial aquelas que estão pior situadas”, conclui a pesquisa.
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Municípios brasileiros decepcionam em ranking de cidades inteligentes - Instituto Humanitas Unisinos - IHU