16 Mai 2014
Apesar das especulações na mídia e em toda a América Latina, o Vaticano diz que não houve nenhum passo adiante em direção à santidade do arcebispo salvadorenho assassinado Oscar Romero – ao menos, não ainda.
A reportagem é de Josephine McKenna, publicada por Religion News Service, 15-05-2014. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Romero, arcebispo de San Salvador, foi morto a tiros em 24-03-1980 enquanto celebrava missa um dia após ter feito uma homilia em que convidou os soldados para pararem de apoiar a repressão do governo e acabarem com as violações dos direitos humanos.
O Papa João Paulo II deu-lhe o título de “servo de Deus” em 1997, quando o caso para a sua canonização se iniciou. Porém, este processo ficou parado durante o papado de Bento XVI devido às preocupações de que Romero estava demasiado próximo da Teologia da Libertação, movimento que João Paulo e Bento XVI passaram anos tentando reprimir.
Francisco reviveu a causa logo após ser eleito no ano passado, e vários relatos em diferentes línguas sugeriram que as autoridades eclesiais estavam prontos para beatificar o religioso, colocando-o um passo adiante no sentido da santidade.
Um destes disse que a igreja salvadorenha irá fazer um pronunciamento no dia 18 de maio sobre o progresso do caso Oscar Romero; o bispo auxiliar Gregório Rosa Chavez, de San Salvador, previu “notícias muito boas”.
Nesta quinta-feira, porém, o padre jesuíta Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, disse que não viu nada que indicasse estar o Papa Francisco levando adiante o processo.
“Não tenho nada a declarar”, disse Lombardi em entrevista.
“Para a beatificação, normalmente é preciso haver provas de um milagre. Ele poderia ser considerado um mártir (e ser beatificado sem um milagre), mas isso iria exigir um decreto do Papa Francisco relativo a seu martírio. Eu não vi isso ainda. Espero que esta causa continue”.
Para que uma pessoa seja elevada à santidade, em geral a Igreja Católica exige o reconhecimento de um milagre para beatificação, quando ele ou ela é considerado “beato ou beata”. Um segundo milagre é normalmente exigido para a canonização.
No caso dos mártires, o papa pode baixar um decreto ignorando o primeiro milagre, no qual a Igreja reconhece um ato de caridade heroica onde alguém deu sua vida pela fé.
As especulações aumentaram depois que uma delegação de quatro bispos, liderados por Dom José Luis Escobar Alas, de San Salvador, se reuniu com o papa para lhe entregar uma carta enviada assinada por todos os bispos salvadorenhos em apoio à canonização.
O Vaticano confirmou que Francisco recebeu a delegação, mas não deu mais detalhes. O cardeal Angelo Amato, líder da Congregação para as Causas dos Santos, não estava disponível para comentar o assunto na quinta-feira.
Em abril de 2013, Dom Vincenzo Paglia, presidente do Pontifício Conselho para a Família e responsável pela causa de Dom Oscar Romero, disse que foi reaberto o processo de beatificação e, talvez, canonização do arcebispo salvadorenho assassinado.
Paglia fez o anúncio durante uma homilia poucas horas depois de uma reunião com o Papa Francisco. Não dando mais detalhes, disse aos jornalistas que não seriam feitos posteriores comentários até que haja algo “concreto” a informar.
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Vaticano diz não haver movimento (ainda) para a santidade de Oscar Romero - Instituto Humanitas Unisinos - IHU