23 Abril 2014
Em uma prova de que o ativismo ambiental ainda consegue conquistar vitórias, o futuro da região de Yasuní Ishpingo-Tambococha-Tiputini (ITT), no Equador, que é classificada como uma Reserva Natural da Biosfera pela UNESCO e está ameaçada pela exploração de petróleo, deverá ser decidido por uma votação popular.
A reportagem é de Fabiano Ávila, publicado pelo sítio Instituto Carbono Brasil, 17-04-2014.
O referendo é resultado de uma campanha que recolheu mais de 700 mil assinaturas, 200 mil a mais do que eram necessárias para forçar uma decisão popular sobre a questão.
“Foi um processo longo de seis meses de muito trabalho e esforço, mas muito bonito. Estamos emocionados de termos ultrapassado essa meta”, afirmou Antonela Calle, da ONG Yasunidos, que coordenou a campanha.
As assinaturas serão agora verificadas pelo Conselho Eleitoral do Equador, que também julgará se o referendo sobre o assunto é constitucional.
O presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou que aceitará qualquer que seja a decisão popular.
Pioneirismo e decepção
A história de Yasuní é uma das mais fascinantes e, até agora, tristes narrativas do ambientalismo mundial.
A região é considerada como uma das mais biodiversas do planeta, com quase 600 espécies diferentes de aves e mais de 150 tipos diferentes de anfíbios. Assim, sempre ficou claro que era uma área que deveria ser protegida a todo o custo.
Porém, a sombra da ameaça de exploração do petróleo pairava sobre a reserva natural, e muitos davam como inevitável a destruição de pelo menos parte da região para acessar o combustível.
Em 2007, o presidente Correa parecia ter achado uma solução para o problema. Ele propôs à comunidade internacional manter a floresta intacta em troca de uma compensação financeira.
O Equador estabeleceu a meta de arrecadar US$ 3,6 bilhões em 13 anos, sendo que o petróleo de Yasuní é avaliado em US$ 7 bilhões.
Infelizmente, não houve interesse dos líderes mundiais, e o total levantado em cinco anos de iniciativa foi de apenas US$ 13 milhões.
“O mundo falhou com o Equador (…) Não era caridade que queríamos, mas que todos cooperassem para lidar com as mudanças climáticas (…) O fator fundamental do fracasso é que o mundo é uma grande hipocrisia”, disse Correa quando declarou o fim da iniciativa.
“Yasuní talvez estivesse muito à frente de nosso tempo”, completou.
Assim, o destino da reserva natural parecia ser mesmo a destruição. Até que no ano passado começou a mobilização pelo referendo.
Porém, mesmo se a votação decida preservar Yasuní, isso não será uma vitória completa, pois significará que o povo equatoriano não terá acesso aos recursos da exploração do petróleo que poderiam ser utilizados para melhorar a educação e saúde no país.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Destino da reserva natural Yasuní no Equador deverá passar por referendo popular - Instituto Humanitas Unisinos - IHU