Por: Jonas | 24 Setembro 2015
Especialistas cubanos desenvolvem um iniciativa de tecnologia japonesa para a eliminação de substâncias destruidoras da camada de ozônio (SDOs), o frágil estrato gasoso que impede que as radiações ultravioletas do Sol prejudiquem a vida na Terra.
A reportagem é de Alfredo Boada Mola, publicada por Prensa Latina, 23-09-2015. A tradução é do Cepat.
A mestra em Ciências, Natacha Figueredo, da Oficina Técnica de Ozônio de Cuba (OTOZ), explicou que a nova iniciativa funcionará como parte das instalações de uma fábrica de cimento na ilha, e que a mesma faz parte de um projeto demonstrativo de coleta, recuperação, armazenamento, transporte e regeneração das referidas substâncias.
A iniciativa resulta de uma estratégia concebida entre OTOZ e o Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal, mediante o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que busca dar um destino ambientalmente seguro à destruição das SDOs e, assim, evitar sua emissão à atmosfera, contribuindo com os compromissos de Cuba.
Figueredo acrescentou que na fábrica de cimento de Siguaney, na província de Sancti Spíritus, a 350 km ao leste de Havana, são destruídas as SDOs que foram armazenadas após a substituição de mais de dois milhões e meio de refrigeradores e cerca de 300.000 aparelhos de ar condicionado domésticos, durante a chamada Revolução Energética no país.
Uma segunda fase do calendário de eliminação, disse, contempla os hidroclorofluorcarbonos (HCFCs).
Atualmente, Cuba destruiu 258.4 quilogramas de SDOs, um número que irá aumentar assim que se conseguir a estabilização do andamento da nova iniciativa.
O projeto tem como atividade pendente validar a não emissão durante o processo de compostos orgânicos persistentes (dioxinas e furanos), uma ação que requer o transporte de mostras para laboratórios europeus acreditados para estas análises.
Cuba elimina totalmente o consumo de clorofluorcarbonos
Cuba é o primeiro país do mundo que eliminou totalmente o consumo de clorofluorcarbonos (CFCs) na refrigeração. A nação caribenha alcança uma contribuição significativa no enfrentamento da atual mudança climática provocada pela atividade humana, mediante a redução das emissões de gases que afetam a camada de ozônio, que são, por sua vez, potentes gases de efeito estufa.
De acordo com dados da OTOZ, as ações realizadas sob o auspício dessa oficina permitem a Cuba deixar de emitir na atmosfera quatro milhões de toneladas de CO2, anualmente.
Há quatro décadas, um grupo de cientistas alertou ao mundo que os gases conhecidos como clorofluorcarbonos (CFCs) despejados na estratosfera pela indústria da refrigeração e os aerossóis eram capazes de destruir as moléculas de ozônio ao interagir com elas.
Trata-se de um gás, cujas moléculas contêm três átomos, que constitui uma forma instável do oxigênio presente na atmosfera terrestre. A zona onde está presente em maior concentração na estratosfera, entre 12 e 50 quilômetros de altura, denominada camada de ozônio.
Aquela notícia significava que esse manto protetor poderia se esgotar de maneira progressiva e deixar de cumprir sua função de proteger a vida na Terra, ao absorver as prejudiciais radiações ultravioletas procedentes do Sol, que em doses elevadas acarretam grandes perigos para a saúde humana e os animais e vegetais.
Com isso, aumentariam os casos de pessoas com câncer de pele, cataratas e danos ao sistema imunológico, assim como impactos severos na agricultura, pois diminuiria o crescimento das plantas e os rendimentos agrícolas, entre outros fenômenos adversos.
Com efeito, em 1985, cientistas britânicos comprovaram, em uma base de observação situada no Polo Sul, que os valores de ozônio eram bem baixos em relação aos registros normais durante o inverno austral, uma descoberta que, então, marcou o uso do termo Buraco na camada de ozônio sobre a Antártida.
Desde essa época, o assunto ocupa um lugar importante entre os problemas ambientais de nosso planeta.
A proteção da camada de ozônio em Cuba
Ainda que nas zonas tropicais a espessura da referida camada permaneça dentro dos valores habituais, em Cuba recebe a máxima atenção do Estado, que ratificou, em 1992, o Convênio de Viena e o Protocolo de Montreal, assim como todas as emendas incorporadas, mecanismos internacionais criados para sua proteção.
O Convênio de Viena foi criado em 1985 sob os auspícios do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Este acordo adotou um grupo de medidas para proteger a saúde humana e o meio ambiente contra os efeitos adversos possíveis da atividade humana sobre esse escudo natural.
De sua parte, o Protocolo de Montreal para a eliminação gradual das SDOs, fundamentalmente os CFCs e os halons, foi criado nessa cidade canadense no dia 16 de setembro de 1987, data instituída em 1995, pela Assembleia Geral da ONU, como o Dia Internacional da Camada de Ozônio.
A ilha eliminou a importação de clorofluorcarbonos, brometo de metila, tetracloreto de carbono e halons, substâncias destruidoras da camada de ozônio da atmosfera terrestre.
Passos fundamentais para a eliminação gradual dessas substâncias foram a elaboração, em 1993, do Programa País para erradicar as SDOs e a criação da Oficina Técnica de Ozônio.
Cuba suprimiu o uso de brometo de metila como praguicida nos cultivos de tabaco e o setor de aerossóis foi transformado por tecnologias de ponta, livres de CFCs, eliminando-se 30 toneladas na fabricação de aerossóis farmacêuticos.
Igualmente, a maior das Antilhas criou um sistema legislativo para a proteção da camada de ozônio, e com a recente revolução energética desenvolvida no país foram substituídos quase três milhões de refrigeradores e 350.000 aparelhos de ar condicionado domésticos, deixando-se de emitir cerca de quatro milhões de toneladas de carbono na atmosfera.
No país caribenho também está estabelecido um sistema de incentivos ambientais para as entidades industriais do país, assim como programas de educação ambiental para crianças e jovens, entre outros temas e atividades educativas e de difusão do conhecimento.
Igualmente, foram capacitados nestes temas mais de 10.000 especialistas, técnicos, operários qualificados dos setores da refrigeração e climatização. Aduana, Agricultura, Saúde Vegetal, Saúde Pública, farmácias, serviços sociais e Estatística, entre outros.
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Cuba elimina substâncias destruidoras da camada de ozônio - Instituto Humanitas Unisinos - IHU