Por: André | 26 Fevereiro 2015
Fonte: http://bit.ly/17NFES6 |
Tony Rezk é o nome do jovem artista que pintou o primeiro ícone dos 21 jovens coptas egípcios decapitados pelos jihadistas do Daesh (ou Estado Islâmico) na Líbia, no domingo 15 de fevereiro. Este ícone, fiel ao estilo dos ícones coptas, mostra as vítimas como mártires, vestindo a estola vermelha do martírio (usada aqui também pelos anjos e por Cristo), e sob as coroas trazidas pelos anjos.
A reportagem é publicada pelo jornal La Croix, 23-02-2015. A tradução é de André Langer.
“Este ícone foi, sem dúvida, desenhado com a ajuda do computador, porque os rostos, todos idênticos, parecem ter sido duplicados”, assinala Marie-Gabrielle Leblanc, historiadora da arte, jornalista e familiar da Igreja copta. O que não a impediu de ser sensível aos detalhes muito comoventes deste ícone que representa os 21 mártires em trajes laranja, reminiscências do macacão laranja com o qual os terroristas islamistas vestem as suas vítimas antes de decapitá-las. “No centro, distinguimos o rosto mais escuro do único sudanês”, prossegue Marie-Gabrielle Leblanc que conhece muito bem a aldeia de El Ur, perto de Salamout, na Província de Mynia (Médio Egito) de onde eram originários todos os coptas mártires – salvo o sudanês. E no fundo, as ondas estilizadas recordam que foi em uma praia líbia que os 21 egípcios foram assassinados.
Entram para a lista do Synaxarium
De acordo com o bispo Aziz Mina, bispo copta católico de Giza, esses coptas foram mortos pronunciando o nome de Jesus Cristo. O patriarca copta-ortodoxo Tawadros II anunciou, no fim de semana, que os nomes dos 21 egípcios serão incluídos no Synaxarium, o equivalente ao martirológio romano para a Igreja copta, o que significa que eles já são canonizados. De acordo com o sítio Terra Santa, o martírio desses coptas será celebrado no oitavo dia de Amshir do calendário copta, ou seja, no dia 15 de fevereiro do calendário gregoriano.
De acordo com a cadeia de televisão cristã do Oriente Médio SAT-7, Beshir Kamel, irmão de dois dos egípcios decapitados pelo Daesh – Bishoy, de 25 anos, e Samuel, com 23 anos –, explicou que essa morte do Estado Islâmico “ajudou a reforçar a fé” dos coptas no Egito. Beshir Kamel também declarou que sua mãe, “uma mulher sem instrução, com aproximadamente 60 anos”, perdoou o assassino de seus filhos: “Minha mãe disse que ela pedirá a Deus para deixá-lo entrar em Sua casa porque permitiu que seu filho entrasse no Reino dos Céus”.
Perdoar?
O primeiro-ministro egípcio, Ibrahim Mahlab, revelou que o presidente Abdel Fattah al-Sisi decidiu construir, financiado pelo Estado, uma igreja dedicada “aos mártires da Líbia” na cidade de Minya. Além disso, por decreto presidencial, as famílias das vítimas do terrorismo islamista receberão uma compensação financeira e terão direito a uma pensão mensal.
Paralelamente, Angaelos, bispo dos copta-ortodoxos do Reino Unido, declarou que estava disposto para perdoar os terroristas do Daesh que mataram os 21 egípcios, mesmo que isso possa parecer “inacreditável” para alguns. “Nós não perdoamos o ato, porque o que fizeram é cruel. Mas nós perdoamos verdadeiramente os assassinos do fundo dos nossos corações”, afirmou Angaelos à CNN. “Do contrário, seriamos consumidos pela raiva e pelo ódio e nos manteriam em uma espiral de violência que não tem lugar nesse mundo”.
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Inaugurado, no Egito, o primeiro ícone dos 21 mártires coptas da Líbia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU